O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira (25/8) que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) quer “salvar de qualquer maneira” o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para o emedebista, há “emoção envolvida” na atuação do parlamentar nos Estados Unidos, onde tem articulado sanções pelo governo norte-americano a autoridades brasileiras, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Vejo que há questões familiares. Acho que há muita emoção nessa história, é a emoção do filho para o pai. Então, ele quer salvar o pai de qualquer maneira. E ao tentar salvar o pai, [talvez] faça coisas talvez consideradas inadequadas”, afirmou Temer.
O ex-presidente participou de um painel do seminário Brasil Hoje, organizado pelo grupo empresarial Esfera na capital paulista. O evento reuniu governadores, ministros e dirigentes partidários.
Michel Temer avalia que o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos produtos brasileiros tem razões mais econômicas e políticas, embora reconheça que a família Bolsonaro tenha contatos no país americano.
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“É inadequada [a pressão dos EUA sobre o Judiciário brasileiro]. Não há dúvida de que a família Bolsonaro tem boas relações nos Estados Unidos, mas eu acho que o pretexto principal é o pretexto econômico. Especialmente quando se quis abandonar a moeda americana [como moeda global]. A sensação que eu tenho é que o aspecto econômico está prevalecendo”, disse o ex-presidente.
Temer também afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria tentar ligar para Donald Trump para falar sobre o tarifaço. “Acho que houve um exagero nas medidas tomadas pelo estado norte-americano, mas eu acho que é preciso um diálogo. Não adianta dar bravatas. Não vale a pena”.
Temer defende conduta de Moraes
Responsável pela indicação de Alexandre de Moraes como ministro do STF, Michel Temer saiu em defesa do magistrado e disse que confia no trabalho do indicado, que também foi seu ministro da Justiça.
“O ministro Moraes é um constitucionalista de mão sobre mão, conhecidíssimo constitucionalista, esse é o primeiro ponto. Segundo ponto, me disseram que o ministro Alexandre disse que não vai recuar. Vou traduzir esta frase dele. Quando diz que não vai recuar, não é no plano político, ele não vai recuar das provas oferecidas. Ou seja, se as provas forem conducentes à condenação, ele vai pleitear a condenação. Se as provas forem conducentes à absolvição, vai pleitear a absolvição”, avaliou Temer.