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    “Estou me reerguendo”, diz mulher vítima de 61 socos do ex-namorado

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    A estudante Juliana Garcia, de 35 anos, afirmou que está “se reerguendo” após ter sido agredida com 61 socos pelo ex-namorado Igor Eduardo Pereira Cabral, preso e réu por tentativa de feminicídio. Nessa segunda-feira (25/8), ela foi homenageada com a Comenda Maria da Penha em sessão solene na Câmara Municipal de Natal (RN) e disse que o reconhecimento simboliza sua sobrevivência e resistência.

    “Eu me sinto honrada e muito feliz em representar um caso de resistência, um caso de uma pessoa que conseguiu, mesmo diante de tanta agressão, de uma tentativa de feminicídio, mesmo assim, eu consegui me levantar e estou me reerguendo”, declarou durante a cerimônia.

    Juliana recebeu a honraria pouco menos de dois meses após o episódio de violência que a deixou com múltiplas fraturas no rosto e na mandíbula. Antes de receber a comenda, ela agradeceu à rede de apoio que a ajudou na recuperação e destacou a importância da solidariedade para mulheres que enfrentam situações de violência doméstica.

    “Eu gostaria muito que todas as mulheres tivessem acesso a esse acolhimento porque ele é de total importância. E gostaria de dizer que se eu me levantei daquele elevador depois de tudo que aconteceu comigo outras mulheres também são capazes”, disse.

    Ela também fez um apelo para que a sociedade acolha, sem julgamentos, mulheres que denunciam abusos. “Tão importante quanto a denúncia é o acolhimento. Muitas permanecem no ciclo de violência porque não têm a quem recorrer”, afirmou.

    Recuperação

    Em discurso emocionado, Juliana contou que ainda enfrenta sequelas das agressões. “Meu rosto do lado direito ainda não está piscando bem, eu não tenho movimento muito coordenado, mas acredito que com a fisioterapia vai dar tudo certo”, detalhou.

    Ela destacou o acompanhamento médico semanal e afirmou que se sente bem assistida pela equipe de saúde. Apesar de não ter previsão para retomar sua rotina, planeja voltar a estudar, trabalhar e já recebeu convites para rodas de conversa e palestras em outras cidades.

    “Eu tenho certeza que Deus me usou como instrumento para dar voz a outras mulheres, para dar visibilidade. Eu nunca gostei de holofotes em cima de mim, mas se fez necessário, então agora vou fazer o uso dele para ajudar outras mulheres”, reforçou.

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    Relembre o caso

    O crime aconteceu no dia 26 de julho, em um condomínio no bairro Ponta Negra, Zona Sul de Natal. Juliana foi agredida com 61 socos dentro do elevador pelo então namorado, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral.

    A discussão teria começado momentos antes, na área de lazer do residencial, quando ele jogou o celular da vítima na piscina. Juliana foi internada em estado grave e passou por uma cirurgia de mais de sete horas para reconstrução facial. Ela recebeu alta no dia 4 de agosto.

    O agressor foi preso, denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte, e tornou-se réu por tentativa de feminicídio. Atualmente, está detido na Cadeia Pública de Ceará-Mirim.