Indiciado recentemente por sete crimes pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, incluindo tráfico de drogas e resistência qualificada, o cantor de trap Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, também têm contas a prestar com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O encargo, no caso, é no valor de R$ 40,5 mil. O Ibama autuou Oruam pela primeira vez em novembro de 2023 por ter quatro animais silvestres, em cativeiro, sem autorização de órgãos ambientas. O artista inclusive “ostentava” nas redes sociais um gato de luxo, avaliado em mais de R$ 100 mil. Além do felino, ele tinha também uma arara-vermelha; um papagaio e um macaco-prego.
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Cantor Oruam e brinca com Arara Vermelha
Reprodução/Redes Sociais2 de 5
Com macaco-prego nos ombros, Oruam chamou atenção dos seguidores ao vestir animal com marca de luxo
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Oruam é dono de um gato Savannah F1
@oruam__/Instagram/Reprodução4 de 5
Savannah raça de gato que Oruam deu à namorada vale até R$ 120 mil
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Namorada de Oruam com o gato, batizado de Malandrex
@feuvalenca/Instagram/Reprodução
A segunda autuação também veio no mesmo dia que recebeu a primeira multa. Quando da operação dos agentes do Ibama na casa do artista, o rapper recebeu uma segunda multa por atrapalhar o trabalho de fiscalização. A assessoria de imprensa do artista foi procurada para se manifestar, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno.
Exposição dos animais silvestres por Oruam
Com milhares de fãs e seguidores nas redes sociais, o músico já mostrava em 2023 seu dia a dia com os animais silvestres. Os mais “famosos” eram o Malandrex e o Jack, respectivamente, o felino e o macaco-prego. A aquisição e exibição dos animais silvestres ajudou a promover o lado excêntrico e também polêmico do artista. Oruam é filho de Marcinho VP, um dos chefes do Comando Vermelho.
Em um vídeo, Oruam chegou a mostrar um arranhão que levou do gato, após o animal silvestre pular nele quando estava sentado em um sofá. Essa espécie animal pode atingir até 60 cm de altura. Oruam já apareceu em público com o macaco-prego nos ombros. Entre essas aparições, estavam grandes festivais e entrevistas.
O que diz a legislação ambiental
A Lei de Crimes Ambientais estabelece que é proibido apanhar ou utilizar espécimes da fauna silvestre sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. O infrator está sujeito a uma detenção de seis meses a um ano, além de multa.
A lei considera fauna silvestre todo animal nativo, migratório ou em rota de migração que tenha o território brasileiro como parte de seu habitat natural — mesmo que nascidos em cativeiro.
“Se não é livre, eu não curto”
O Ibama tem feito ações de conscientização destacando os impactos negativos da exposição de animais em ambientes domésticos. “As redes sociais contribuem para esse cenário ao associar prestígio a usuários que compartilham imagens de animais silvestres em ambientes domésticos, muitas vezes forçados a comportamentos humanos”, informou o órgão ambiental, em maio deste ano, quando do lançamento da campanha “Se não é livre, eu não curto”.
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Prisão de Oruam não tem ligação com infração ambiental
Oruam está preso preventivamente desde o dia 22 de julho, quando decidiu se entregar à Polícia Civil do Rio de Janeiro. Na ocasião, o músico e amigos atiraram pedras contra policiais civis que foram à casa do músico cumprir um mandado de prisão contra um adolescente que estaria no local. O menor de idade era procurado por tráfico e por roubo.
Por causa desse episódio, Oruam foi indiciado por sete crimes: tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência qualificada, desacato, dano, ameaça e lesão corporal.