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    Huguinho Motta está presidente da Câmara, não é presidente

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    Tem espaço sobrando na cadeira de presidente da Câmara desde que em fevereiro último ela passou a ser ocupada – ou mal ocupada – pelo deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).

    Bolsonaro queixa-se da humilhação de estar preso em casa, cercado por agentes da Polícia Federal e prestes a ser condenado pela mais alta Corte de Justiça do país.

    Motta prefere esquecer a suprema humilhação do 686, quando foi obrigado a negociar com deputados insurgentes a reocupação da cadeira que por direito é sua. Tudo foi filmado.

    6 foi o dia. 8 o mês (agosto). 6 o número de minutos que ele levou para atravessar poucos metros e finalmente sentar-se. Uma barreira de 70 colegas da extrema-direita abriu-se a contragosto.

    Naquele dia, o da retomada dos trabalhos na Câmara depois das férias de julho, Motta ameaçou suspender o mandato da turba irada e retirá-la do plenário com a ajuda da Polícia Legislativa.

    Faltou-lhe coragem para tal, embora não lhe faltasse poder. A anarquia só terminou depois que os rebelados obtiveram a garantia de que Motta poria em votação projetos de interesse deles.

    Um dos projetos blinda o Congresso contra punições judiciais. O “Pacote da Impunidade”, que subtrai poderes do Supremo Tribunal, só não foi votado ontem por divergências pontuais.

    Talvez seja votado hoje. Talvez fique para ser votado na próxima semana. A ele deverá se seguir o projeto de anistia para beneficiar os golpistas de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023.

    Esse é o mais acalentado pelos bolsonaristas, e o mais difícil de ser aprovado. O governo se opõe. Uma fatia expressiva do Centrão, também. O Supremo não o engoliria.

    Motta já disse que não haverá anistia e que ela não irá à votação. Bem, mas o que diz Motta nem sempre se escreve. Ele tem o poder, mas não sabe exercê-lo. Ou se sabe, não o exerce por fraqueza.

    A terceira cadeira mais importante da República está só parcialmente ocupada.

     

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