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Israel mobiliza 60 mil reservistas para operações em Gaza

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Israel mobiliza 60 mil reservistas para operações em Gaza

O ministro da Defesa de Israel, Israël Katz, ordenou, nesta quarta-feira (20/8), a mobilização de 60 mil reservistas para a tomada da cidade de Gaza, apesar de o Exército israelense enfrentar escassez de efetivos. Para tentar preencher essa lacuna, de acordo com uma reportagem publicada pelo jornal francês Les Echos, Tsahal conta com os jovens judeus que moram nos Estados Unidos e na França, onde vivem as duas maiores comunidades judaicas no exterior.

Pelo menos 10 mil jovens estrangeiros estariam aptos ao serviço militar. O objetivo do exército israelense é incorporar, inicialmente, cerca de 600 a 700 soldados por ano.

O país propõe um programa chamado Mahal, voltado para voluntários estrangeiros que realizam um serviço militar reduzido, de 18 meses. Encerrada a missão, eles podem retornar ao seu país de origem ou se estabelecer em Israel. Para os residentes no território israelense, o serviço militar é obrigatório a partir dos 18 anos, com prazos de 32 meses para os homens e de 24 meses para as mulheres.

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Há cada vez mais reticência dos jovens israelenses em integrar o exército. Cerca de 900 foram mortos e 15 mil ficaram feridos ou sofrem de transtornos pós-traumáticos desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, e muitos foram obrigados a deixar as famílias, os empregos ou estudos.

No início de agosto, o gabinete de segurança, presidido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, aprovou um plano para ocupar a cidade de Gaza e os campos de refugiados vizinhos, assumir o controle de segurança de todo o território palestino, libertar os reféns e desarmar o movimento islâmico palestino Hamas.

Nesta quarta-feira, o ministro da Defesa israelense anunciou a “aprovação do plano de ataque do Exército israelense à cidade de Gaza”, capital e maior cidade do território palestino. Ele também autorizou “a emissão das ordens de convocação dos reservistas necessários para cumprir a missão”, que envolve os 60 mil militares. Gaza e os campos de refugiados vizinhos têm sido alvo de frequentes bombardeios nas últimas semanas, pois a área é considerada o último reduto do Hamas.

Segundo o site israelense Walla, “a divisão 99 está prestes a concluir a conquista do bairro de Zeitoun”, em Gaza, sendo o “próximo alvo” o bairro vizinho de Sabra.

De acordo com o Exército israelense, suas forças estão operando na área para desmantelar as capacidades militares do Hamas.

Negociação da trégua

A decisão do ministro da Defesa ocorre dois dias após o Hamas anunciar ter aceitado uma nova proposta dos mediadores do conflito, Egito, Catar e Estados Unidos. Ela inclui uma trégua de 60 dias acompanhada da libertação de reféns em duas etapas.

Israel ainda não respondeu oficialmente à proposta, mas, segundo uma fonte do governo, o país mantém seu objetivo de libertar todos os reféns vivos e recuperar os cadáveres daqueles que não sobreviveram.

Dos 251 reféns sequestrados em 7 de outubro de 2023, 49 continuam detidos em Gaza, dos quais 27 estão mortos, segundo o Exército.

O Catar afirma que o acordo retoma “quase integralmente” um plano proposto anteriormente pelo emissário americano Steve Witkoff e aceito por Israel. Entre as medidas estão previstas a libertação de 10 reféns vivos e os corpos de 18 reféns mortos em troca de uma trégua de 60 dias e negociações para encerrar a guerra, segundo a rádio pública israelense Kan.

Desde o início da guerra, Israel sitia mais de 2 milhões de palestinos na Faixa de Gaza e impede a entrada de ajuda humanitária suficiente para suprir as necessidades da população. A escassez de alimentos provoca fome no território, segundo a ONU. O governo israelense nega as acusações e afirma permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

O ataque de 7 de outubro causou a morte de 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis. A ofensiva de retaliação israelense matou 62.064 palestinos no território isolado do mundo, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde controlado pelo Hamas e considerados confiáveis pela ONU.

Protestos contra Israel

A guerra na Faixa de Gaza gera cada vez mais oposição em Israel. Dois terços dos israelenses, segundo pesquisas, são favoráveis a um acordo com o Hamas para interromper os combates e permitir a libertação dos 50 reféns mantidos pelo grupo. Mais de 300 mil israelenses se manifestaram no sábado, em Tel Aviv, contra a continuidade da guerra.

Outro motivo de frustração é a isenção do serviço militar concedida aos jovens judeus da comunidade ultraortodoxa, que representa 12% da população.

Esse privilégio, concedido em nome da religião, é cada vez mais mal aceito pela maioria laica. No entanto, Benyamin Netanyahu, cujo governo depende do apoio de dois partidos ultraortodoxos, se recusa, por enquanto, a acabar com esse tratamento especial.

França responde a acusações de antissemitismo

A presidência francesa reagiu nesta quarta-feira às acusações do premiê israelense, que afirmou que o presidente Emmanuel Macron “alimenta o fogo antissemita” ao apoiar o reconhecimento do Estado da Palestina.

A acusação foi feita em uma carta oficial enviada por Netanyahu, na qual ele também pediu que Macron mudasse de postura até o Ano Novo judaico, que será celebrado em 23 de setembro de 2025.

O Palácio do Eliseu considerou a acusação “errada e abjeta”, e afirmou que ela “não ficará sem resposta”. De acordo com o governo francês, a República Francesa protege e sempre protegerá seus cidadãos de confissão judaica, e que o momento exige “gravidade e responsabilidade, não confusões e manipulações”.

O governo francês ressaltou que não aceita lições sobre o combate ao antissemitismo, e lembrou que desde 2017 tem adotado medidas firmes contra atos antissemitas, especialmente após o ataque do Hamas em outubro de 2023.

A resposta francesa também se baseia no fato de que, embora o número de atos antissemitas tenha aumentado desde o início da guerra em Gaza, não há evidência de que o apoio ao reconhecimento do Estado palestino seja a causa direta desse aumento.

O governo francês considera que é possível defender os direitos dos palestinos sem comprometer a segurança ou a dignidade da comunidade judaica na França.

Leia mais reportagens como esta na RFI, parceiro do Metrópoles.

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