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    Jantar da “frente anti-Lula” tem afagos a Bolsonaro e poupa Moraes

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    O jantar oferecido pelo presidente do União Brasil, Antônio Rueda, que reuniu as principais lideranças de direita e centro-direita em Brasília, na noite dessa terça-feira (20/8), contou com falas em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e poupou de críticas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), alvo principal do bolsonarismo.

    De acordo com relatos de participantes do encontro, foram feitos breves discursos, todos enfatizando a ideia de união da direita para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas em 2026. As falas foram no sentido de se manter a aliança entre os partidos e evitar uma fragmentação de candidaturas de oposição ao PT.

    Tido como o principal nome para esse projeto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), segundo relatos, saiu em defesa de Bolsonaro e o projeto de anistia. Tarcísio também enfatizou a importância de o grupo se manter unido, sem se colocar diretamente como o nome a ser apoiado.

    Outro governador que fez uma defesa mais direta de Bolsonaro foi Jorginho Mello, de Santa Catarina, ainda de acordo com relatos. Principal alvo do clã Bolsonaro e da ala mais radicalizada na direita, o ministro Alexandre de Moraes não foi tema do encontro, segundo políticos presentes.

    No último domingo (17/8), Carlos Bolsonaro foi às redes sociais para criticar a articulação de governadores de direita, quem chamou de “ratos” e “cúmplices covardes”.

    “Ele [Carlos] está indignado porque está vendo o pai dele definhando, doente, e não tem uma reação veemente, dura, justa e verdadeira contra Alexandre de Moraes”, disse o pastor Silas Malafaia ao Metrópoles. O líder religioso é crítico ferrenho de Moraes.

    “Frente anti-Lula”

    O encontro na casa de Rueda ocorreu após a convenção que oficializou a formação da “superfederação” entre o União Brasil e o Progressistas, que serviu como uma espécie de lançamento da “frente anti-Lula” para 2026.

    No jantar, no entanto, havia cinco caciques de partidos que hoje compõem a base de Lula. Além do anfitrião, que preside um partido com três ministérios, outros dirigentes de legendas com representação na Esplanada presentes foram Ciro Nogueira (PP), Baleia Rossi (MDB), Gilberto Kassab (PSD) e Marcos Pereira (Republicanos).

    Ainda estiveram no encontro os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG), Mauro Mendes (União-MT), Ibaneis Rocha (MDB) e Ronaldo Caiado (União-GO). Esse último tem destoado do restante dos pares ao defender abertamente que a federação tenha candidato próprio, se colocando ele próprio para o posto.

    O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, também estiveran no jantar, onde foi servido massa e uma carne ao molho mostarda.

    Impasse no MDB

    • No encontro, Ibaneis Rocha (MDB), segundo relatos, fez uma fala pedindo que as lideranças façam uma defesa mais explícita de um projeto único para a direita em 2026.
    • Nos bastidores, segundo foi relatado ao Metrópoles, a declaração foi lida como uma forma de pressionar o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, a trabalhar para que a legenda não esteja com Lula nas eleições.
    • Embora tenha três ministérios e conte com quadros simpáticos a Lula, a legenda também acena em compor a “frente anti-Lula” em 2026.
    • Um dos principais representantes dessa ala é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que também foi ao jantar realizado para celebrar a federação União Progressista. Ao longo do tempo, Nunes se tornou um crítico contumaz de Lula e do PT e é próximo de Baleia. O prefeito também tem feito sucessivos acenos ao bolsonarismo.
    • O MDB, no entanto, tem divisões internas. Ao mesmo tempo que abriga lideranças mais alinhadas à oposição, como Ibaneis Rocha, a sigla conta com uma ala mais lulista, representada, especialmente, por políticos do Nordeste.
    • Atualmente, o partido tem como ministros Jader Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).