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    Justiça autoriza quebra de sigilo telefônico de homem que matou gari

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    O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, acusado de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, com um tiro, durante uma briga de trânsito enquanto a vítima trabalhava na coleta de lixo em Belo Horizonte (MG), teve a quebra de sigilo dos dados telefônicos e telemáticos autorizada pela Justiça de Minas Gerais.

    A decisão atende a um pedido da Polícia Civil e foi proferida na noite dessa quinta-feira (14/8). Segundo a corporação, o objetivo é verificar registros de chamadas, conversas por aplicativos, localização e arquivos armazenados na nuvem que possam ajudar a esclarecer o caso.

    As operadoras e empresas de tecnologia intimadas têm até 15 dias para enviar as informações diretamente à polícia.

    A Justiça também autorizou perícia nas armas registradas no nome da delegada Ana Paula Lamego Balbino, esposa do empresário.

    Gari morto a tiros

    • O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior foi preso na última segunda-feira (11/8) pela Polícia Civil, em uma academia de Belo Horizonte.
    • Testemunhas relataram que Laudemir e outros garis recolhiam resíduos quando o empresário passou de carro e pediu que o caminhão fosse retirado da via para que pudesse passar com seu veículo elétrico.
    • Após uma breve discussão com a motorista do caminhão, ele desceu do carro armado e efetuou disparos. Laudemir foi atingido na região da costela. René entrou no veículo e fugiu.
    • A vítima chegou a ser socorrida e levada a um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos. A causa da morte foi hemorragia interna provocada pelo projétil, que ficou alojado no corpo.
    • A motorista do caminhão de coleta relatou que havia espaço suficiente para o carro passar e que o empresário se irritou sem necessidade. Segundo ela, antes de atirar contra os garis, René apontou a arma para a cabine e ameaçou disparar contra seu rosto, dizendo: “Vou dar um tiro na cara”.

    10 imagensFrio, empresário cita roupa na morte de gari: "Usava calça da Diesel"Suspeito de matar gari diz que foi constrangido por agentes CovardeRenê da Silva Nogueira Junior, de 47 anosFechar modal.1 de 10

    Foto de Renê preso

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    Material cedido ao Metrópoles3 de 10

    Frio, empresário cita roupa na morte de gari: “Usava calça da Diesel”

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    Suspeito de matar gari diz que foi constrangido por agentes Covarde

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    Renê da Silva Nogueira Junior, de 47 anos

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    Delegada Ana Paula Balbino Nogueira

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    Laudemir de Souza Fernandes

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    Renê ao lado da esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira

    Reprodução/ Redes sociais

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    Empresário nega o crime

    Em depoimento, Renê negou o crime e afirmou que as armas encontradas em sua residência pertencem à mulher. Ele não possui autorização para posse ou porte de armas. O inquérito segue em andamento.

    O empresário passou por audiência de custódia na última quarta-feira (13/8) e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça após representação do Ministério Público. Um vídeo mostra a reação dele ao descobrir que continuará preso.

    Na gravação, o empresário inclina a cabeça para baixo e apresenta semblante abatido ao receber a notícia. Em seguida, ele é levado embora algemado.

    “[Tendo em vista] todo esse contexto, gravidade concreta dos fatos, reiteração delitiva do agente eu acolho, por garantia da ordem pública, eu acolho integralmente o parecer ministerial e converto seu flagrante em prisão preventiva”, concluiu o juiz Leonardo Damasceno.

    No mesmo dia, o suspeito, que estava no Ceresp Gameleira, foi transferido para o Presídio de Caeté, na Grande BH.

    A defesa chegou a pedir o relaxamento da decisão da Justiça, argumentando que não havia indícios suficientes para manter a determinação de prisão.

    Os advogados destacaram que o acusado é réu primário, possui bons antecedentes e residência fixa. Além disso, a defesa de Renê pediu que o caso fosse colocado sob sigilo, mas a Justiça não atendeu à solicitação.

    “Perseguição ininterrupta”

    No entanto, o juiz não acolheu os argumentos. O magistrado alegou haver elementos suficientes para manter a prisão, como “perseguição ininterrupta” da polícia, identificação do veículo e reconhecimento de testemunhas. O magistrado também afirmou que se trata de um crime hediondo e que é necessário punição.

    O juiz disse ainda considerar a personalidade de Renê “violenta” e “desequilibrada”. Ele apontou que o suspeito se sentiu confortável em ir treinar em academia após atirar e matar Laudemir.

    “Ao que tudo indica, ele foi pra academia… quer dizer, comete um crime e vai treinar numa academia? Situação que merece apuração sobre a personalidade do agente”, afirmou o juiz Leonardo Damasceno, da Central de Audiência de Custódia de Belo Horizonte.