MAIS

    Lira deve manter controle da Caixa, mesmo com “término” do PP com Lula

    Por

    De acordo com uma ala do governo, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira deve manter o controle da Caixa Econômica Federal, mesmo diante do esperado rompimento do seu partido, o PP, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos bastidores da sigla e do PT, as indicações para a cúpula do órgão são tratadas como uma concessão de cunho pessoal ao parlamentar, e não devem ser afetadas pelo desembarque formal de sua legenda.

    Interlocutores governistas apontam os fatores que colaboram para a permanência da influência de Lira sobre a Caixa, considerada por parlamentares como uma das joias da coroa da máquina pública. O principal é que, além de o presidente do órgão, Carlos Vieira, ser um indicado direto do ex-presidente da Câmara, vários vice-presidentes foram apadrinhados por um consórcio de partidos do Centrão, que vão além do PP, incluindo também o Republicanos do atual presidente da Casa, Hugo Motta.

    O fator pessoal tem a ver com uma espécie de “agradecimento” pela colaboração de Lira com o governo durante o período em que presidiu a Câmara, nos dois primeiros anos do governo Lula. O futuro também está no horizonte do Planalto, uma vez que o parlamentar é o relator do projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Trata-se da principal aposta do PT para catapultar a avaliação do presidente visando a reeleição em 2026.

    5 imagensO ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL)Jantar reuniu caciques do  MDB, PSD, União Brasil, PP, e Republicanos com governadores de direitaCaixa Econômica FederalFechar modal.1 de 5

    Carlos Vieira

    Divulgação/Caixa2 de 5

    O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL)

    BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto3 de 5

    Reprodução Instagram4 de 5

    Jantar reuniu caciques do MDB, PSD, União Brasil, PP, e Republicanos com governadores de direita

    Augusto Tenório/Metrópoles5 de 5

    Caixa Econômica Federal

    AngelaMacario/iStock Editorial/Getty Images Plus

    No PP, há divergências sobre a permanência na Caixa, que apontam que o partido precisa retirar todos os pés do governo se quiser, de fato, embarcar em um projeto de candidatura da direita para o ano que vem. Esse é o norte da federação firmada, recentemente, pela sigla com o União Brasil. Juntos, os partidos serão a maior força do Congresso, e buscam eleger um nome conservador ao Planalto no próximo ano.

    Presidido por Antônio Rueda, o União Brasil planeja anunciar oficialmente o desembarque até a próxima quarta-feira (3/9), e aguarda uma definição do PP, chefiado pelo senador Ciro Nogueira (PI), na esperança de um anúncio conjunto. O Progressistas, que antes pressionava a sigla aliada a publicizar o rompimento, agora tenta resolver o impasse da Caixa antes de tomar uma decisão.

    Leia também

    Desembarque do União-PP

    • O União tem três ministérios no governo Lula, mas somente o do Turismo é indicação reconhecida pela sigla;
    • Os ministros da Integração e das Comunicações são indicações pessoais do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e devem permanecer;
    • O PP comanda o Ministério do Esporte desde 2023, e uma ala da sigla quer manter os cargos e caminhar com Lula em 2026;
    • O controle de ministérios e de órgãos públicos é visto como uma ferramenta para reeleição de parlamentares, que usam obras e ações das pastas para ampliar o capital político nas bases eleitorais.

    Em segundo plano, o PP ainda tenta pacificar internamente a entrega do Ministério do Esporte, hoje comandando pelo ex-líder do partido na Câmara André Fufuca. Ele também demonstra resistência em entregar o cargo. Interlocutores indicam que o titular da pasta ainda tem esperanças de manter um pé da sigla no governo. Ele é cotado a disputar uma vaga no Senado no Maranhão, estado onde o apoio de Lula pode transferir votos.