O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, no Palácio da Alvorada, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A reunião ocorreu na noite desta terça-feira (12/8), véspera do envio da Medida Provisória em socorro às empresas mais afetadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mais cedo, ele esteve com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
No horizonte da relação do Planalto com o Congresso, ainda há duas propostas cruciais: um projeto do governo para regular as redes sociais, que será enviado nesta quarta-feira (13/8), na esteira das denúncias sobre exploração infantil nos meios digitais; e o projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, que teve um panorama negativo apontado pelo relator, o deputado Arthur Lira (PP-AL).
Os encontros simbolizam uma retomada de diálogo entre Lula, Motta e Alcolumbre, após meses de embate. A “guerra fria” do Planalto com o Congresso começou em junho, com o aumento na conta de luz imposto pelos parlamentares no projeto das Eólicas Offshore, e se estabeleceu de fato quando o PT apostou no discurso “rico contra pobres” diante da resistência do Legislativo a taxar super ricos, diante do risco de cortes.
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O presidente da Câmara, Hugo Motta
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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ladeado pelo líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), e do ex-presidente da Casa Renan Calheiros (MDB-AL). Eles saíram abraçados após votação realizada com o fim do motim bolsonaristas.
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Davi Alcolumbre cedeu ao indicado de Silveira para ANP
Reprodução
A cisão aumentou quando o Congresso derrubou o reajuste do Imposto de Operações Financeiras (IOF), e Lula partiu para a disputa acionando o Supremo Tribunal Federal (STF), ainda em junho deste ano. Após a Corte decidir a favor do Planalto e determinar a validade da medida, já em julho, o presidente decidiu vetar o aumento do número de deputados.
A relação estava estremecida desde então, com Lula reticente a falar com a cúpula do Congresso, e o PT aproveitando o embate para recuperar terreno na avaliação pública. Mas o motim bolsonarista, que levou à ocupação dos plenários da Câmara e do Senado, pavimentou o retorno do diálogo entre os dois Poderes.
A reunião contou também com a presença da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Segundo interlocutores da articuladora política do presidente Lula, ela já havia conversado com Motta por telefone na semana passada, após o motim bolsonarista ser superado. Fontes indicam que a titular da pasta, parlamentar licenciada, reforçou o apoio institucional do Planalto ao deputado.
Panorama para projeto do IR
Interlocutores não cravam os assuntos específicos da reunião, mas indicam uma certa preocupação palaciana com o panorama indicado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) mais cedo. Relator do projeto de isenção do IR, um dos que o Planalto considera mais importantes para pavimentar a reeleição de Lula, o parlamentar indicou que a proposta poderia ser votada somente em dezembro.
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“A semana de retorno dos trabalhos da Câmara não foi uma semana qualquer. Vamos esperar como é que vai ser hoje a reunião de líderes, a discussão das pautas dessa semana para que a gente tenha um horizonte de discussão”, disse Lira, que presidiu a Casa até fevereiro deste ano. Ele afirmou que a votação poderia ficar para setembro ou dezembro, a depender “das variações de sugestões de proposta”.