Você sabe qual é o maior ser vido do planeta? A resposta para essa pergunta não é tão óbvia. Isso porque o conceito de “maior” pode variar de acordo com critérios como área ocupada, massa, comprimento ou até continuidade genética.
Em extensão territorial, o recorde pertence a um fungo do gênero Armillaria, cuja rede subterrânea se espalha por quilômetros quadrados. Em termos de animal, a baleia-azul continua sendo a campeã em tamanho.
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Fungo Armillaria
Definir o “maior” ser vivo exige comparação entre semelhantes. O professor de biologia Alexandre Almeida, do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília (CPMB), explica que os animais, plantas e fungos seguem ritmos e modelos de crescimento próprios.
No caso do Armillaria, o “indivíduo” é uma rede subterrânea de filamentos chamada micélio. Esses filamentos se espalham pelo solo mantendo o mesmo material genético ao longo de toda a rede — por isso a ciência considera um único organismo, e não vários fungos próximos.
“Não são vários fungos, mas um único fungo com altíssimo crescimento”, diz Almeida.
Os fungos gigantes prestam serviços ecológicos fundamentais. Como decompositores, reciclam nutrientes da matéria orgânica morta e devolvem elementos químicos ao solo, sustentando a fertilidade dos ecossistemas.
Em áreas estáveis por longos períodos, micélios conseguem se expandir de forma contínua e podem sobreviver por séculos. Esse processo mantém cadeias tróficas e regula fluxos de energia e nutrientes.
Seres vivos de grande porte também mostram versatilidade em se adaptar a diferentes ambientes, já que, ao longo do tempo, desenvolveram a capacidade de adaptação para sobrevivência.
“Organismos muito grandes são exemplos de como a vida consegue se adaptar a diferentes condições produzindo diferentes estratégias para se manter vivos”, explica Rodrigo Borges, professor de biologia da Heavenly International School.
O especialista cita estratégias como o crescimento lento das sequoias, a proteção contra perda de água e a formação de ramificações que isolam partes danificadas, demonstrando soluções evolutivas que permitem sobreviver por séculos.
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O tamanho de uma baleia-azul pode ser comparado ao de um prédio de 10 andares
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O Armillaria, maior ser vivo do mundo, foi descoberto na Floresta Nacional de Malheur, no Oregon, EUA
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Baleia-azul
A baleia-azul pode ultrapassar 30 metros de comprimento e pesar mais de 150 toneladas. Seu tamanho impressionante não se deve apenas à genética, mas também ao ambiente em que vive. A água sustenta o corpo e reduz o esforço necessário para se mover, algo que seria inviável para um animal terrestre de proporções semelhantes.
“Por ser o maior animal, ele está na água, e a facilidade de deslocamento permitiu esse crescimento de forma considerável”, afirma Almeida.
Além das dimensões, a baleia-azul se destaca pela eficiência biológica. Alimenta-se principalmente de krill — pequenos crustáceos semelhantes a camarões que formam grandes cardumes nos oceanos —, consumindo toneladas por dia durante a temporada de alimentação.
A espécie também possui sistemas circulatório e respiratório adaptados para manter a oxigenação e circulação de sangue mesmo durante longos mergulhos. Seu tamanho traz vantagens ecológicas: grandes dimensões reduzem a vulnerabilidade a predadores e permitem percorrer longas distâncias em busca de alimento.
Além disso, a baleia-azul influencia diretamente a dinâmica de populações de krill e contribui para a ciclagem de nutrientes nos oceanos, mostrando que, mesmo como gigante, cada ser vivo desempenha um papel fundamental no ecossistema marinho.
Conservação dos seres vivos
Preservar organismos como fungos extensos, árvores milenares e colônias de corais vai além do fascínio pelo tamanho: sua presença indica estabilidade ambiental e qualidade do ecossistema, permitindo processos evolutivos que geram novas espécies.
No entanto, o avanço do desmatamento, a fragmentação de habitats e as mudanças climáticas reduzem o tempo e o espaço necessários para o desenvolvimento desses seres.
“Mudanças climáticas e ações humanas podem impedir o surgimento de novos organismos gigantes como esses. Não porque ‘inibem’ a capacidade biológica de ficar grande em si, mas porque reduzem as duas coisas de que esses gigantes precisam acima de tudo: tempo contínuo e espaço contínuo”, destaca Borges.
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