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    Michelle disputa com empresários registro da marca “Bolsonaro mito”

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    A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) trava disputa com empresas pelo registro da marca “Bolsonaro Mito”.

    A “briga” em questão ocorre no âmbito do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), que é a autarquia do governo federal responsável pelos registros que garantem às empresas e pessoas o direito exclusivo de uso de sua marca em todo o território nacional.

    Michelle Bolsonaro acusa os concorrentes de serem oportunistas e agirem de má-fé, uma vez que não têm laços com a família, nem autorização do casal para uso do nome Bolsonaro. A coluna procurou a assessoria de imprensa da ex-primeira-dama, mas não houve retorno. Os empresários também não retornaram o contato.

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    Conforme revelou a coluna, Michelle Bolsonaro contabiliza 75 pedidos de registro de marcas junto ao Inpi aguardando aprovação para diferentes produtos: MB Vinhos, MB Cosméticos, MB Calçados, MB Acessórios, além da repetição dos nomes Michelle Bolsonaro, Jair Bolsonaro, Bolsonaro, Bolsonaro Mito e Bolsomito.

    Embora para alguns casos os produtos ainda não existam, os registros de marcas englobam uma variedade de itens. Vão desde armas e cigarros, passando por cosméticos, alimentos, bebidas, kits de churrasco, facas até calcinhas e cuecas.

    Especialistas consultados pela reportagem afirmam que essa estratégia de registrar várias marcas é uma forma de proteger o nome como patrimônio e demarcar território. E isso pode ser feito mesmo sem ter produto lançado.

    Michelle BolsonaroMichelle Bolsonaro registrou no Inpi a logomarca do programa Pátria Voluntária. A iniciativa foi criada por ela ainda na condição de primeira-dama durante a gestão Bolsonaro.

    Bolsonaro Mito: cigarros, fósforo, isqueiro, calçados, chapéus e vestuário

    Em 12 de julho de 2024, Michelle ingressou no Inpi com pedido de registro da marca “Bolsonaro Mito” para produtos como fósforos, isqueiros para fumantes, tabaco e vaporizadores para fumantes.

    Na mesma data, a ex-primeira dama também formalizou o pedido de registro da marca “Bolsonaro Mito” para artigos como calçados, vestuário e chapéus.

    Foi então que outros dois interessados no registro das identificações entraram em cena.

    Em setembro do mesmo ano, a empresa Bolsonaro Gestão de Marcas e Royalties do Brasil peticionou apresentação de oposição ao processo de registro da marca para cigarro alegando ter preferência, uma vez que o nome da marca tem o termo “Bolsonaro”.

    O empresário Wagner Pereira Madureira é o dono da Bolsonaro Gestão de Marcas e Royalties do Brasil. A consultoria de publicidade foi aberta em agosto de 2023. Com capital social de R$ 50 mil, a empresa, segundo registros da Receita Federal, tem entre suas atribuições “gestão de ativos intangíveis não-financeiros” e “agente de propriedade industrial”.

    Ainda em setembro, foi a vez de o empresário Luiz Gustavo Deixum, que tem empresas de confecção, entrar em cena. Ele pediu para que o Inpi recuse a solicitação de Michelle Bolsonaro para registro da marca para produtos de vestuário, calçado e chapéu.

    Morador da cidade de Franca (SP), Luiz Gustavo argumentou que ingressou primeiro que Michelle Bolsonaro com toda a papelada no Inpi para validação da marca “Bolsonaro Mito” para aquela mesma linha de produtos.

    “Não há possibilidade das marcas coexistirem, visto que atuam para o mesmo público consumidor, o que causaria grande transtorno e confusão”, descreveu o empresário, em petição obtida pela coluna.

    Conforme os registros do Inpi, Luiz Gustavo, por meio dos seus representantes legais, ingressaram com o pedido de registro da marca uma semana antes da ex-primeira-dama, ou seja, no dia 4 de julho de 2024.

    A defesa de Michelle Bolsonaro reagiu, pediu que o Inpi recuse os argumentos dos empresários concorrentes e declarou que a ex-primeira-dama “possui autorização expressa para registro do referido nome como marca”, uma vez que é esposa do ex-presidente da República.

    “A tentativa de registro do nome ‘Bolsonaro’ por parte da opoente, que não tem qualquer relação com a família Bolsonaro, demonstra uma clara intenção de se beneficiar indevidamente do prestígio e notoriedade associados ao nome.”

    Conforme a Lei da Propriedade Industrial, não são registráveis como marca: nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com autorização do titular, herdeiros ou sucessores.

    O Inpi ainda não bateu o martelo sobre as duas disputas. Ainda assim, a autarquia federal já negou em fevereiro deste ano pedido da Bolsonaro Gestão de Marcas e Royalties do Brasil.

    Na ocasião, a empresa registrou uma logomarca com o nome de Bolsonaro e cores da bandeira do Brasil para cigarros, isqueiros, fósforos e outros dispositivos ligados a indústria tabagista. Segundo a autarquia, a firma de Wagner Madureira não cumpriu a “exigência de mérito”, ou seja, não provou ser titular do nome de família ou patronímico.

    Em relação a Luis Gustavo Deixum, ele tem nove pedidos de registro de marcas “aguardando exame de mérito”, ou seja, esperando validação do Inpi. Desse total, dois pedidos para registro de marca com o nome Bolsonaro Mito. Outros nomes de famosos também entraram na mira do empresário do ramo de confecção, como a cantora sertaneja Ana Castela e o cantor norte-americano de country Alan Jackson.

    INPI marca BolsonaroInpi recusou registro de marca de pessoas e empresas que não comprovaram ligação e autorização do casal Bolsonaro para uso do nome Bolsonaro em marcas de produtos

    Casal Bolsonaro já tem produtos no mercado

    O lado garota e garoto-propaganda de Michelle e Bolsonaro já tem sido explorado pelo casal desde 2023, logo após deixarem o Palácio do Planalto. Eles lançaram linha de cosméticos, perfume e vinho com o nome do ex-presidente. Inclusive, a família também colocou no ar uma loja virtual com venda de produtos, como caneca e tábua de churrasco.

    Neste ano, por exemplo, o ex-presidente lançou uma linha de óculos de grau e de sol chamado Mito. O valor dos produtos da marca variam entre R$ 300,00 e R$ 359,00, fora o frete.

    5 imagensEles lançaram linha de cosméticos, perfumeLoja virtual vende perfume com nome de Jair BolsonaroLoja virtual autorizada pelo casal Bolsonaro vende taças de espumanteJair Bolsonaro virou garoto propaganda de marca de vinho que faz referência ao ex-presidente da República. Fechar modal.1 de 5

    O lado garoto e garota propaganda de Michelle e Bolsonaro já tem sido explorado pelo casal desde 2023, logo após deixarem o Palácio do Planalto

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    Eles lançaram linha de cosméticos, perfume

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    Loja virtual vende perfume com nome de Jair Bolsonaro

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    Loja virtual autorizada pelo casal Bolsonaro vende taças de espumante

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    Jair Bolsonaro virou garoto propaganda de marca de vinho que faz referência ao ex-presidente da República.

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