Ministros do governo Lula admitem, nos bastidores, ter subestimado as ameaças de sanções dos Estados Unidos a autoridades brasileiras feitas por integrantes do governo Trump e pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Em conversas reservadas com a coluna, ao menos dois influentes ministros de Lula afirmaram que, pouco tempo antes de serem oficialmente anunciadas, as promessas de sanções eram vistas apenas como “bravatas”.
Donald Trump
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Eduardo Bolsonaro
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Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores
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Ministro do STF Alexandre de Moraes em sessão na Corte
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Auxiliares de Lula ressaltam que a diplomacia brasileira costumava tranquilizar integrantes do governo federal, minimizando as chances de as sanções serem realmente oficializadas pelo governo americano.
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Chanceler de Lula minimizou ameaças
O próprio ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, disse, no início de julho, não acreditar que as sanções viriam. E que, mesmo que fossem anunciadas, o Brasil não deveria “dar importância”.
“O que o Brasil poderia fazer? Virar a cara, dizer que está zangado?”, disse o chanceler, em entrevista à colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, em 7 de julho.
Na época, Vieira dizia não acreditar nas sanções, porque elas não teriam “cabimento”. “As leis americanas são aplicadas nos EUA. As leis brasileiras são aplicadas no Brasil”, disse o ministro.
Dias após essa entrevista, o governo Trump anunciou, primeiro, a revogação do visto do ministro do STF Alexandre de Moraes e de seus “aliados” na Corte. Depois, a aplicação da Lei Magnistky contra Moraes.
Para ministros de Lula, a concretização das sanções não demonstraria a influência de Eduardo junto a Trump. “Não é que ele tem esse prestígio todo. Ele surfa na onda certa”, diz um auxiliar presidencial, sob reserva.
Eduardo foi alvo de chacota
Em março, como noticiou a coluna, Eduardo foi alvo de chacota por parte de convidados de um jantar organizado por Alexandre de Moraes em homenagem ao ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Dos 11 ministros do STF, sete compareceram, além de Moraes. Entre eles, Luís Roberto Barroso, atual presidente da Corte, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Edson Fachin, Nunes Marques, Luiz Fux e Flávio Dino.
O jantar ocorreu horas após Eduardo anunciar que tiraria uma licença não remunerada da Câmara para morar por um tempo nos Estados Unidos, por medo de ter o passaporte apreendido por Moraes.
Segundo relatos de ao menos três fontes presentes, em uma rodinha de conversa, Eduardo foi chamado por convidados de “frouxo” e de “bananinha”, apelido comumente usado por opositores do deputado.