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    Morre Antônio Duarte, mentor da Associação Brasileira de Sommeliers DF

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    Morreu, nesse domingo (17/8), aos 83 anos, Antônio Duarte, também chamado de professor Duarte, considerado pela comunidade enogastronômica de Brasília “uma das figuras mais queridas do mundo do vinho”.

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    Duarte atuou como servidor do Banco Nacional por quase 30 anos e foi, por meio das viagens que fazia profissionalmente, que acabou se aprofundando nos conhecimentos de vitivinicultura, visitando diversas vinícolas e destilarias.

    Fundador da Associação Brasileira de Sommeliers do Distrito Federal, o carioca, nascido em 3 de maio de 1942, desembarcou na capital federal em 2001. Integrante ativo da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), ele acabou sendo um dos grandes incentivadores da cultura enóloga de Brasília.

    Com profunda gratidão, Duarte sempre mencionou a ajuda do chef-restaurateur Francisco Ansiliero, fundador da casa Dom Francisco, que emprestou, no início da ABS-DF, salas, mesas e cadeiras para a realização das reuniões e degustações.

    Indo além da criação da associação, o carioca era considerado essencial no universo sommelier de Brasília. Ele foi o responsável pela criação do curso de sommelier profissional na União Pioneira de Integração Social (Upis), onde lecionou, e depois passou a atuar nas disciplinas Vinhos e Serviço de Bebidas e Harmonização, no curso de gastronomia do Centro Universitário IESB.

    Apaixonado por conversas e um bom vinho

    O gastrônomo e sommelier formado por Duarte e seu amigo pessoal há mais de 20 anos, Flávio Pereira Vieira, diretor do grupo Bloco C, conversou com o Metrópoles e contou um pouco sobre a rotina do professor nos últimos anos.

    Lutando contra um câncer de pulmão e convivendo com a trombose, Duarte nunca se entregou. “Mesmo doente, nunca deixou de fazer o que amava, estava sempre entre os amigos, uma boa mesa e bons vinhos”, relembrou.

    Mesmo com a mobilidade prejudicada, ele fazia questão de sair para almoçar no bar Amigão, onde esteve com Flávio há cerca de 20 dias. Com um grupo pequenos de amigos, se reunia quinzenalmente para compartilhar vinhos e um bom jantar.

    “Era toda segunda, quando chegava na terça ele me ligava perguntando se não poderíamos nos reunir semanalmente. O grupo se chama Vinhas Velhas e vai continuar com o legado dele”, contou.

    Flávio Pereira e Antônio DuarteFlávio Pereira e Antônio Duarte

    Flávio comentou que esse grupo, em especial, surgiu na época da pandemia da Covid-19, quando Duarte teve uma crise grave de depressão. Sem poder sair e ver os amigos, o professor sofria com o isolamento.

    Surgiu então a ideia de fazer lives semanais com os amigos, para fazer o que eles faziam de melhor: beber vinho e bater-papo. Com o fim do isolamento, os encontros tornaram-se presenciais e nasceu a confraria.

    Além do Vinhas Velhas, Duarte deixou milhares de alunos que formou, muitos deles transformados também em amigos queridos. Ele estava em seu segundo casamento e morava com a esposa e um enteado. Ele deixa uma filha e um neto, que vivem no Rio de Janeiro.

    Homenagens

    Nas redes sociais, amigos fizeram questão de se despedir do amigo e professor. Em uma publicação no Instagram, a sommelier Etienne Carvalho ressaltou o legado de Duarte. “A comunidade enogastronômica de Brasília perde um mestre, mas o legado do professor Duarte permanece vivo em cada profissional que ele inspirou (e são muitos!) e em cada taça de vinho servida com dedicação e amor”.

    Outro aluno do professor, Chaves Sommelier escreveu em post: “Agradeço por formar grandes sommeliers em Brasília. Agradeço por ter me transformando no profissional que sou. Serei eternamente grato por tudo que fez”.