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Mulher tem Fusca roubado, polícia recupera, mas entrega 3 anos depois

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Mulher tem Fusca roubado, polícia recupera, mas entrega 3 anos depois

Dois anos e 11 meses se passaram desde que o fusca “Itamar” azul, modelo de 1993, foi roubado na Vila da Saúde, zona sul de São Paulo, até ser entregue à proprietária, a socióloga Ana Maria Nora Tannus, de 44 anos.

O veículo, que é uma herança do avô de Ana, falecido em 2007, permaneceu durante todo esse tempo, entre agosto de 2022 e julho de 2025, em um pátio em Jacareí, na região metropolitana da capital paulista.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o fusca ficou sob custódia “para a realização de exame pericial específico, indispensável às investigações”. A perícia, no entanto, foi concluída em novembro de 2022, apenas três meses após o roubo, e um mês após o carro ser localizado (veja mais abaixo).

Conforme a pasta, a delegacia responsável pelo caso, o 11º Distrito Policial (DP), em Santo Amaro, “adotou todos os protocolos cabíveis até a conclusão do inquérito e a posterior restituição do automóvel à proprietária”.

O inquérito policial mostra ainda que outros dois veículos, também modelo Fusca, apreendidos com o suspeito do roubo, foram devolvidos aos respectivos donos ainda naquele ano.

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Ana Maria e cachorro Dogson

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Fotografia do vô Ângelo, dono original do Fusca Itamar azul modelo 1993

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Fusca Itamar azul modelo 1993

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Veículo ficou quase três anos exposto ao sol, a chuvas e a ventos em pátio em SP

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Ana Maria quando recuperou o Fusca Itamar azul

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Dogson e Miró, cachorros da socióloga Ana Maria

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Dogson foi o primeiro a matar a saudade do Fusca

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Ladrão que furtou o veículo alterou placa e chassi do Fusca

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Dogson e Miró, cachorros da socióloga Ana Maria, no Fusca Itamar azul

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Fusca precisa de reparos após roubo e período em pátio

Arquivo pessoal

Cronologia do caso

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Custos com a recuperação do Fusca

Ana não foi cobrada pelo longo período que o veículo permaneceu no pátio, mas enfrenta outras despesas. Somente para levar o fusca de Jacareí a São Paulo, a socióloga desembolsou R$ 800.

Ela também deve desembolsar mais dinheiro por conta das adulterações feitas no fusca e do tempo que ele ficou ao ar livre, exposto ao sol, às chuvas e ao vento. Com reformas iniciais, Ana já gastou R$ 4 mil.

Quando foram se apresentar à delegacia para recuperar o veículo, inclusive, os irmãos foram alertados sobre o possível mau estado de conservação em que a herança da família se encontraria.

“O escrivão trouxe um cenário meio apocalíptico pra gente. Ele falou: ‘olha, a gente não sabe o estado desse carro. Ele pode ter ido a leilão, ter sido depreciado, por ter tido peça roubada, essas coisas todas. Então tô te avisando que talvez você não saiba muito bem o que vai encontrar’”, relatou Ana.

Sem alteração do chassi, o veículo valeria R$ 50 mil. Mas, no estado atual, com 85% das peças originais, o fusca vale R$ 4,5 mil na tabela Fipe. A socióloga prevê ainda o gasto de até R$ 15 mil para serviços de funilaria, já que o carro está repleto de avarias.

“Eu já gastei R$ 4 mil, e não comecei a parte burocrática, porque como remarcou o chassi… O primeiro despachante que eu cotei, o cara falou em pelo menos mais R$ 5 mil. O funileiro, como o carro foi deixado no tempo, o cara está orçando entre R$ 10 mil a R$ 15 mil para  recuperar a pintura. Enfim, acessórios e tudo mais…. é uns R$ 20 mil ou R$ 25 mil reais”, explicou.

A socióloga afirma que, para conseguir pagar as contas do carro, começou a vender bolos no centro de São Paulo. Para isso, a mulher chegou a criar um perfil no Instagram, no qual diz: “fazendo bolos para pagar a reforma do bom e velho Fusca!”.

Carro é como membro da família

O valor que o fusca tem para Ana, no entanto, é inestimável. Ela contou ao Metrópoles que o carro foi comprado pelo avô, ainda nos anos 90. Quando ele faleceu, em 2007, ninguém da família quis assumir a propriedade do veículo, mas também não quiseram se desfazer do bem. A neta foi quem assumiu o volante do “Itamar” modelo 1993.

Quando o fusca foi roubado, ela sentiu novamente um pouco do luto pela perda do avô.  “A gente perdeu um membro da família, né? A gente perdeu uma complementação ali do carro e tudo mais”, fala a socióloga sobre o sentimento que tiveram quando o carro ainda estava perdido.

E, quando soube que poderia recuperar o veículo, foi como se um pouco do avô também retornasse. “Eu tinha uma sensação, um pouco, de que alguém me ligou falando: ‘ó, seu vô tá vivo, vem buscar’”, disse.

Assim que recuperou o fusca, o cachorro da socióloga foi o primeiro a demonstrar a alegria de ter o veículo de volta. Imediatamente ele pulou para dentro do carro, e se acomodou no banco onde estava habituado. Em seguida, a ficha de que o “Itamar” 93 estava de volta também caiu para Ana.

“Eu dirigi o carro e vi que é realmente o carro que era do meu vô. Você reconhece por detalhes, por cheiro, por pequenas coisas”, disse.

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