Uma nova espécie de raia-manta foi oficialmente reconhecida pela ciência após mais de 15 anos de pesquisas. Trata-se da Mobula yarae, nomeada em referência à Iara, personagem do folclore brasileiro. O estudo foi publicado no dia 23 de julho na revista Environmental Biology of Fishes.
Há até pouco tempo, acreditava-se que havia apenas duas espécies no mundo: a jamanta-gigante (Mobula birostris) e a jamanta-de-recife (Mobula alfredi). Agora, a descoberta amplia o conhecimento sobre esses animais de grande porte, que despertam curiosidade e atenção pela raridade.
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A confirmação só foi possível após análises genéticas de exemplares coletados na costa atlântica das Américas. Os cientistas observaram diferenças sutis de cor, padrão, tamanho e comportamento que indicavam se tratar de uma nova espécie.
Confirmação da nova espécie de raia-manta
A suspeita da existência da M. yarae vinha de variações sutis de cor, tamanho e comportamento observadas por pesquisadores. No entanto, apenas a análise genética poderia comprovar que se tratava de uma espécie distinta das já conhecidas.
Essa confirmação só foi possível em 2017, quando uma raia-manta apareceu morta em uma praia da Flórida. O exemplar foi preservado e tornou-se o holótipo da espécie, ou seja, o modelo oficial usado para descrever suas características.
Além desse caso, fragmentos e carcaças também foram coletados em praias brasileiras, como Ilha Comprida (SP), Natal (RN) e Fernando de Noronha (PE).
Esses registros reforçaram a distribuição da espécie no Atlântico e mostraram que a separação genética em relação à jamanta-gigante ocorreu em período relativamente recente, permitindo aos cientistas estudar a evolução de forma mais detalhada.
Diferenças de coloração e padrões no corpo ajudaram cientistas a identificar a nova espécie de raia-manta
Diferenças da nova espécie de raia-manta
A M. yarae pode atingir o mesmo porte da jamanta-gigante, chegando a até 9 metros de comprimento. A distinção ocorre nos padrões do corpo: manchas brancas em formato de “V” nos ombros, coloração mais clara ao redor da boca e dos olhos e manchas escuras restritas ao abdômen.
Vista de cima, a nova espécie se assemelha à jamanta-gigante, enquanto a parte inferior lembra a jamanta-de-recife. Essa combinação de traços reforça a ideia de que a M. yarae compartilha características com ambas.
Além disso, a distribuição geográfica também a diferencia. Ela habita águas costeiras tropicais e subtropicais que vão do leste dos Estados Unidos até o Brasil, incluindo Golfo do México e Caribe.
Conservação da nova espécie e próximos passos
Com a descoberta, pesquisadores poderão desenvolver estratégias de conservação específicas. A espécie enfrenta ameaças como colisões com embarcações, captura acidental em linhas de pesca e emaranhamento em redes.
Por ser recém-identificada, ainda não existem dados precisos sobre sua população. Os cientistas destacam que a formalização da espécie é o primeiro passo para garantir proteção em políticas ambientais.
Segundo a bióloga Andrea Marshall, uma das pioneiras nos estudos de raias-manta, a descoberta mostra que ainda há muito a ser revelado nos oceanos. “A única barreira que enfrentamos é acreditar que já sabemos tudo, quando na verdade mal arranhamos a superfície”, afirmou.
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