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O barulho dos inocentes até que sejam condenados pela Justiça

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O barulho dos inocentes até que sejam condenados pela Justiça

Donald Trump nega que deseje trocar a democracia americana por um regime autoritário. O governo de Israel nega que palestinos passam fome na Faixa de Gaza e que mata pessoas inocentes. Bolsonaro e os demais golpistas que estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal negam que haja provas dos seus crimes.

Era só que faltava: que Trump, o governo de Israel e os acusados pelas tentativas de golpe de dezembro de 2022 e janeiro de 2023 batessem no peito e dissessem ser culpados. Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. É legítimo mentir em sua própria defesa. A lei assegura isso. Não há razão para espanto.

Terminou ontem o prazo dado aos advogados de defesa dos golpistas para que apresentassem suas alegações finais. O prazo foi respeitado. A maioria desses advogados é de primeira linha. Os de Bolsonaro valeram-se até de pareceres de juristas contratados e bem pagos para que opinassem – um deles, alemão.

Ainda bem que a justiça com J maiúsculo se faça assim. Ela só é possível onde existe democracia. Em ditaduras, a justiça é de mentira. Quem viveu a ditadura de 64 sabe disso muito bem e pode ter sofrido na pele seus efeitos. Bolsonaro já confessou que não se conforma de a ditadura de 64 não ter matado mais gente.

Caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo do golpe, marcar dia e hora para apresentar suas alegações finais e dar seu voto. Votarão em seguida os outros quatro ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal: Cristiano Zanin, Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia. O placar será de 5 x 0 ou de 4 x 1.

O voto discordante poderá ser de Fux. Ou ele discordará apenas do tamanho da pena a ser aplicada aos condenados. Foi dito que Fux pedirá vista do processo para estudá-lo melhor ao longo de 90 dias. Improvável. Fux fez questão de assistir pessoalmente a todas as audiências do processo. Está ao par de tudo.

Não se descarta a hipótese de um ou de mais de um dos acusados serem absolvidos. Ou de que desmoronem alguns dos crimes que lhes foram imputados. O julgamento atravessará setembro. Depois haverá recursos da defesa para retardar o trânsito em julgado, que é quando uma decisão da justiça se torna definitiva.

Então, tudo estará consumado. O que não quer dizer que essa página infeliz da nossa história será virada. O bolsonarismo continuará vivo, embora mais fraco. Apesar de preso, Bolsonaro não sairá de cena. E influenciará nos resultados das eleições do próximo ano. O bolsonarismo veio para ficar.

O capital político do ex-presidente é sólido e não se desmanchará tão facilmente no ar. Recente pesquisa do Datafolha mostra que 39% dos brasileiros se declaram petistas, e 37% bolsonaristas. Não há “tarcisistas” nem “caiadistas” nem “ratinhos” nem “zemistas” em número suficiente para sustentar outros candidatos.

É por isso que os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União-Brasil), de Goiás, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Romeu Zema (NOVO), de Minas Gerais, mendigam o apoio de Bolsonaro. Estão dispostos, se eleitos, a indultá-lo. Aceitariam que Bolsonaro indicasse seu vice.

A desaprovação de Lula diminui e a aprovação aumenta desde que Trump atendeu ao pedido de Bolsonaro para ajudá-lo. Em 2022, Lula escolheu Bolsonaro como seu melhor adversário. Em 2026, será Trump, o tarifaço e a intervenção dos Estados Unidos em assuntos internos do Brasil. A soberania nacional é inegociável.

 

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