Uma antiga arma da Guerra Fria voltou ao centro das atenções nesta semana. Conhecida como “Mão Morta”, ela é parte de um sistema russo de resposta nuclear que pode disparar mísseis automaticamente, mesmo que nenhuma autoridade esteja viva para autorizar o ataque.
O nome surgiu novamente após uma troca de provocações entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ex-presidente russo e atual vice do Conselho de Segurança da Rússia, Dimitri Medvedev.
Medvedev mencionou o sistema em tom de ameaça, o que levou Trump a anunciar, nessa sexta-feira (1º/8), a movimentação de dois submarinos nucleares americanos para uma região próxima à Rússia. A escalada acontece em meio às pressões dos EUA para que Moscou cesse os ataques contra a Ucrânia.
Início da tensão
- O episódio começou na terça-feira (29/7), quando Trump deu um prazo de dez dias para que a Rússia anunciasse um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia. Caso contrário, prometeu impor novas sanções.
- Medvedev respondeu nas redes sociais, dizendo que os EUA estavam usando ameaças e que isso representava “um passo em direção à guerra”.
- Na quarta-feira (30/8), Trump voltou a criticá-lo, chamou Medvedev de “fracassado” e disse que ele deveria “tomar cuidado com as palavras”.
- Foi então que o ex-presidente russo fez a referência direta ao sistema nuclear: “Trump deveria se lembrar de como a lendária ‘Mão Morta’ pode ser perigosa”, escreveu ele no Telegram.
Dmitry Medvedev e Vladimir Putin
Entenda o que é a “Mão Morta”
A “Mão Morta”, também conhecida como Perimetr, foi criada pela União Soviética nos anos 1970, durante a Guerra Fria. O objetivo era simples e ao mesmo tempo assustador: garantir uma resposta nuclear mesmo se o país fosse completamente destruído em um ataque inicial, ou seja, se todas as suas lideranças estivessem mortas.
O sistema começou a funcionar oficialmente em 1986, de acordo com o Centro para Análises Navais (CNA), uma organização americana especializada em defesa. Ele foi projetado para funcionar como uma espécie de “plano final”. Se um ataque nuclear for detectado, sensores espalhados pelo país enviam os dados para centros de comando.
A partir daí, o sistema busca confirmações de autoridades russas, primeiro do presidente, depois da chamada “maleta nuclear” e, em seguida, de outras bases militares. Se ninguém responder, o próprio sistema autoriza o lançamento dos mísseis. Tudo isso pode acontecer sem qualquer decisão humana direta.
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Por isso o apelido de “Mão Morta”: mesmo sem ninguém vivo para apertar o botão, o ataque pode acontecer. Os mísseis são lançados de silos subterrâneos e, uma vez no ar, enviam sinais para outros mísseis fazerem o mesmo, garantindo uma retaliação em larga escala.
A existência do Perimetr foi revelada ao público pelo New York Times em 1993. Na época, o jornal chamou o sistema de “máquina do juízo final”. Desde então, especialistas discutem se ele ainda está ativo. Mas, segundo documentos de inteligência divulgados pelos EUA em 2017, o sistema continua funcionando e teria sido modernizado com o tempo.
Trump movimenta submarinos
Após o ex-presidente russo citar, em tom de ameaça, a “Mão Morta”, Trump afirmou, em entrevista ao canal Newsmax nessa sexta-feira (1º/8), que determinou o envio de dois submarinos com armamento nuclear para uma área mais próxima da Rússia. Segundo ele, a medida serve como precaução.
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“Ele [Medvedev] não deveria ter dito isso. Ele tem uma boca solta. Então, queremos sempre estar preparados”, disse o presidente americano. “Enviei dois submarinos nucleares para a região. Só quero ter certeza de que as palavras dele são apenas palavras, nada além disso.”
Ao ser perguntado se os submarinos estavam próximos ao território russo, Trump respondeu: “Sim, estão mais próximos da Rússia.”