O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ligou para o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para agradecer a defesa que o emedebista fez publicamente do seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após as medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo aliados, o filho 03 de Bolsonaro, que tem articulado junto ao governo dos EUA sanções contra Moraes, afirmou a Nunes que outros políticos que foram eleitos na onda bolsonarista não fizeram uma defesa aberta ao pai em meio ao processo judicial da trama golpista e às medidas adotadas pelo ministro do STF, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar as redes sociais.
O prefeito foi reeleito em 2024 com o apoio tímido de Bolsonaro e com a ajuda do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi alvo de ataques de Eduardo Bolsonaro no mesmo período em que o deputado ligou para agradecer Nunes.
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Defesas de Nunes a Bolsonaro
- Em entrevistas, o prefeito Ricardo Nunes sustentou que considerava as medidas cautelares injustas, entre outras coisas, por terem sido tomadas antes de uma condenação.
- No dia 18 de julho, dia em que as medidas cautelares que incluíram a tornozeleira, foram impostas, Nunes afirmou durante uma agenda na capital que a decisão era uma “dose muito forte” e que Bolsonaro não tem nenhum crime de “roubo, furto e desvios”.
- “Acho que todo remédio, quando a dose é muito forte, ele não cura, ele passa a fazer um mal. Fazendo essa analogia, a gente não pode ter exagero. Precisa ter tranquilidade e calma. Obviamente, não sei os dados do processo, não acompanho, não tenho essa informação. Mas queria deixar aqui minha solidariedade ao que está passando o presidente Jair Bolsonaro, que não tem nenhum crime de roubo, de furto, de desvios”, afirmou Nunes na ocasião.
- Já no último sábado (2/8), na véspera dos atos bolsonaristas organizados pelo país, Nunes voltou a defender Bolsonaro e a criticar as decisões de Moraes.
- “Alguém que não está condenado estar sendo submetido a uma prisão domiciliar, sábado e domingo não pode sair da sua casa, não pode sair depois das 19h, com tornozeleira, sem estar condenado. Acho que extrapolou um pouco e a gente precisa se posicionar, com muito respeito que a gente tem que ter com a nossa Suprema Corte. Não é possível achar que isso é normal”, afirmou o prefeito ao confirmar presença no ato da Avenida Paulista.
A ligação entre Eduardo e Nunes ocorreu antes da decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro, na última segunda-feira (4/8), e em meio a atritos entre Eduardo e o governador Tarcísio de Freitas, após o anúncio do tarifaço de Trump contra o Brasil.
O deputado criticou as ações do governador de buscar diálogo com os americanos na tentativa de contornar as tarifas, sem colocar como condição a anistia ao seu pai.
Depois disso, Eduardo voltou às redes sociais para dizer que conversou com o governador e que ambos selara uma trégua após uma “boa e longa conversa”. No dia 24 de julho, porém, o filho do ex-presidente voltou a fazer críticas a Tarcísio.
Ato na Paulista
No ato da Paulista, Ricardo Nunes ficou em cima do trio elétrico ao lado do vice-prefeito, coronel Mello Araújo (PL), mas não discursou. Ele deixou o local próximo do final da manifestação, quando o pastor Silas Malafaia discursava.
O prefeito é cotado para ser candidato ao governo de São Paulo em 2026 com o apoio de Tarcísio, caso o governador opte por deixar o cargo e disputar a Presidência da República.
Nos bastidores, aliados do emedebista têm comemorado o desempenho de Nunes nas pesquisas de intenção de votos para o Palácio dos Bandeirantes.