Após Donald Trump decretar estado de emergência de segurança pública em Washington D.C, nesta segunda-feira (11/8), e federalizar a polícia da capital dos Estados Unidos, a Associação de Prefeitos Democratas divulgou uma declaração chamando a ação do presidente republicano de “mais uma farsa política para servir aos seus próprios interesses e distrair os americanos de seus fracassos.”
“Sejamos claros: a criminalidade diminuiu na maioria das grandes cidades – incluindo Washington, D.C. – apesar de Donald Trump, não por causa dele”, inicia o texto, que critica cortes “sem precedentes” em programas de segurança pública “que realmente funcionam”.
Para os opositores, “se Trump realmente se importasse com nossas comunidades, estaria trabalhando com nossas cidades, não contra elas. Mas a verdade é que Trump não se importa – ele só quer criar mais uma farsa política para servir aos seus próprios interesses e distrair os americanos de seus fracassos.”
À imprensa, o presidente dos EUA afirmou que decidiu federalizar a polícia da capital do país porque “algo está fora de controle”. “Estou mobilizando a Guarda Nacional para ajudar a restabelecer a lei, a ordem e a segurança pública em Washington D.C.”, disse Trump.
Durante a argumentação, ele chegou a comparar a taxa de criminalidade da cidade com a de diversas cidades do mundo – entre elas, Brasília (DF). “Ao olhar para os números, em comparação com dados de diversos locais do mundo – Bagdá, Cidade do Panamá, Brasília, San Rosé, Costa Rica, Bogotá, Cidade do México –, [em relação a] todos, dobramos e triplicamos [a taxa de criminalidade]. Vocês querem morar em lugares assim?”.
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Presidente Donald Trump mostra tabela que compara criminalidade em Washington D.C com outras capitais, dentre elas, Brasília (DF)
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Trump concede coletiva em Washington, EUA
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Reprodução/White House
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De acordo com a Casa Branca, a tomada federal do departamento de polícia metropolitana de D.C. deve permanecer em vigor por 30 dias e envolver ao menos 800 homens da Guarda Nacional na próxima semana. A determinação acontece um dia depois de o republicano pedir para que os “sem-teto deixem imediatamente a capital dos EUA.”
O procurador-geral de Washington D.C., Brian Schwalb, escreveu em uma publicação no X que “as ações do governo são sem precedentes, desnecessárias e ilegais”. Ele acrescentou que “os crimes violentos em Washington, D.C. atingiram níveis historicamente baixos em 30 anos no ano passado e caíram mais 26% neste ano”.
A delegada do Congresso de D.C., Eleanor Holmes Norton, também reagiu e disse que as ações do presidente são “um uso contraproducente dos recursos de D.C. para seus próprios propósitos”.
O Sindicato da Polícia de D.C., por outro lado, declarou que “reconhece e apoia” a decisão de Donald Trump de federalizar o departamento. “O Sindicato concorda que a criminalidade está saindo do controle e que ações imediatas são necessárias para restaurar a segurança pública”. O sindicato representa mais de 3 mil policiais.
Trump manda sem-tetos deixar a capital
Nesse domingo (10/8), apenas um dia antes de decretar estado de emergência de segurança pública em Washington D.C., o presidente-norte americano chegou a afirmar que “os sem-teto devem partir imediatamente”.
“Vamos oferecer abrigos, mas longe da capital”, escreveu em sua plataforma Truth Social, antes de ameaçar os moradores de rua e chamá-los de “criminosos”. “Vocês não precisam partir. Vamos colocá-los na prisão, onde deveriam estar”, declarou.
Segundo o relatório anual do Departamento de Habitação, Washington D.C. ocupava, em 2024, o 15º lugar entre as grandes cidades americanas com maior número de pessoas em situação de rua, com mais de 5,6 mil registros.
“Há muito crime, muitos grafites, muitas barracas nos gramados, gramados magníficos”, disse Trump à imprensa, destacando a importância da aparência da capital, que recebe regularmente líderes estrangeiros.
No fim de março, ele assinou um decreto para ampliar a supervisão federal sobre a prefeitura, especialmente no combate à imigração ilegal.
A prefeita de Washington, a democrata Muriel Bowser, adotou uma postura conciliadora na época. No mesmo mês ela decidiu apagar um mural pintado em 2020 com as cores do movimento antirracista “Black Lives Matter”, alvo de críticas por parte dos republicanos.