Os partidos das principais lideranças que articulam projeto para disputar a Presidência da República contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo ano somam atualmente 11 ministérios no governo petista.
A convenção que formalizou a “superfederação” entre o União Brasil e o Progressistas (PP), que integram essa frente anti-Lula, foi marcada pelas críticas ao governo petista e pelo destaque ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mesmo diante da presença de ministros governistas que compõem ambos os partidos. O evento ocorreu nessa terça-feira (19/8), em Brasília.
Leia também
-
Tarcísio diz que não vai esperar Lula para resolver Favela do Moinho
-
Tarcísio cobra “insistência” de Lula em diálogo com Trump e cita Putin
-
Ministros de Lula defendem federação do MDB com partido de Tarcísio
-
Em evento de Derrite, Tarcísio lança frente anti-Lula para 2026
Tarcísio é tido como o nome favorito do grupo para disputar o Palácio do Planalto em 2026 — ele, no entanto, tem repetido que buscará a reeleição em São Paulo. Embora não seja de nenhum dos dois partidos da federação, o governador até discursou no evento. O Republicanos, legenda do governador, tem o Ministério de Portos e Aeroportos no governo Lula, com Silvio Costa Filho.
O PP tem o Ministério do Esporte, chefiado pelo deputado licenciado André Fufuca (MA). Presidente nacional do partido, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) já defendeu publicamente, e mais de uma vez, o desembarque da sigla do governo. “Se houver defesa dessa desidentificação que se diz progressista, nós vamos desembarcar deste governo rapidamente”, disse Ciro Nogueira nessa terça.
O União, por sua vez, tem Celso Sabino, no Turismo, além de Frederico Siqueira (Comunicações) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que embora não sejam filiados à legenda são indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União – AP).
Na convenção, mesmo com a presença dos ministros correligionários, o governador Ronaldo Caiado (União-GO), que é pré-candidato à Presidência da República, afirmou que a “solução é derrotar Lula”.
“Partido tem que ter lado, tem que ter posição clara. É preciso ter candidato próprio”, disse Caiado.
Apesar de a nova federação ter caráter oposicionista, o estatuto não veta a participação de filiados no governo petista. Os líderes dos partidos adiaram a discussão sobre o futuro dos ministros de Lula para depois da convenção que selou a aliança.
10 imagens
Fechar modal.
1 de 10
O ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), em entrevista ao Metrópoles.
Metrópoles2 de 10
Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB)
KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo3 de 10
Renan Filho (MDB), ministro dos Transportes
Reprodução/YouTube4 de 10
O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil).
Kebec Nogueira/Metrópoles
@kebecfotografo5 de 10
O ministro das Comunicações, Frederico Siqueira (Sem Partido), está na cota de Davi Alcolumbre (União-PA)
Telebras/Reprodução6 de 10
Waldez Góes (PDT), do Desenvolvimento Regional., também foi indicado por Alcolumbre
Igo Estrela/Metrópoles @igoestrela7 de 10
André Fufuca (PP), ministro do Esporte
Wey Alves/Metrópoles8 de 10
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD)
Igo Estrela/Metrópoles9 de 10
Lula e André de Paula (PSD), ministro da Pesca e Aquicultura
Ricardo Stuckert/Divulgação10 de 10
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD).
Kebec Nogueira/ Metrópoles
PSD e MDB
Outro partido que compõe o arco de legendas que pretendem disputar com o PT nas urnas é o PSD, de Gilberto Kassab. A sigla já lançou dois nomes como pré-candidatos para 2026: os governadores Ratinho Jr., do Paraná, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. O PSD, no entanto, sinaliza que apoiará Tarcísio caso o governador opte por sair candidato à Presidência.
Mesmo diante disso, a sigla mantém três ministérios do governo Lula: Alexandre Silveira (Minas e Energia), André de Paula (Pesca e Agricultura) e Carlos Fávaro (Agricultura).
Kassab não participou da convenção que oficializou a União Progressista, mas foi ao jantar promovido pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, também nessa terça.
O MDB é outra legenda que, embora tenha três ministérios e conte com quadros simpáticos a Lula, também acena em compor a “frente anti-Lula” em 2026.
Um dos principais representantes dessa ala é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que foi ao jantar realizado para celebrar a federação União Progressista e que, ao longo do tempo, se tornou um crítico contumaz de Lula e do PT. O prefeito é próximo do presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi.
Aliado de Tarcísio, Nunes teve o apoio de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições municipais de 2024 — foi o ex-presidente quem indicou o vice-prefeito Coronel Mello Araújo (PL) — e tem se aproximado do bolsonarismo nos últimos meses, com declarações de apoio a Bolsonaro em meio ao julgamento da ação por tentativa de golpe de Estado, no STF, e presença nos atos em defesa do ex-presidente.
O MDB, no entanto, tem divisões internas. Ao mesmo tempo que abriga lideranças mais alinhadas à oposição, como o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que esteve no convenção da federação União Progressista, a sigla conta com uma ala mais lulista, representada, especialmente, por políticos do Nordeste. Atualmente, o partido tem como ministros Jader Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).