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PF aponta omissão de Bolsonaro sobre repasses a Eduardo e Michelle

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PF aponta omissão de Bolsonaro sobre repasses a Eduardo e Michelle

A Polícia Federal (PF) identificou que Jair Bolsonaro (SP) omitiu informações em depoimento prestado no Inquérito 4.995, ao não mencionar transferências feitas ao filho 03, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O inquérito em questão apura suposta obstrução do parlamentar em relação à investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O ex-presidente havia declarado apenas o repasse de R$ 2 milhões ao filho. No entanto, a investigação mostrou que os valores movimentados foram mais altos e envolveram diferentes operações financeiras.

De acordo com o relatório, Bolsonaro não informou que, além da transferência de R$ 2 milhões a Eduardo, havia feito outros repasses ao filho. Também deixou de justificar por que transferiu, em 4 de junho de 2025, R$ 2 milhões à esposa Michelle, justamente um dia antes de ser interrogado pela PF.

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A corporação aponta que as duas operações, de valores idênticos e em datas próximas, demonstram uma estratégia de movimentar recursos para familiares de forma a reduzir riscos de bloqueio judicial.

Repasses a Eduardo Bolsonaro

A quebra de sigilo bancário revelou que, desde o início de 2025, Jair Bolsonaro realizou seis transferências fracionadas para Eduardo, que somaram R$ 111 mil. Em 13 de maio de 2025, fez a transação mais expressiva: R$ 2 milhões diretamente para a conta do filho.

Após receber o montante, Eduardo fez uma operação de câmbio em 29 de maio de 2025, remetendo R$ 1.661.835,76 para uma conta no Wells Fargo Bank, nos Estados Unidos. A justificativa apresentada à corretora de câmbio foi a de que o dinheiro seria uma doação de seu pai.

O deputado licenciado também transferiu parte dos valores à esposa, Heloísa Bolsonaro. Foram R$ 50 mil em 19 de maio de 2025 e mais R$ 150 mil em 5 de junho de 2025, o mesmo dia em que Jair Bolsonaro foi ouvido pela PF.

Para os investigadores, a movimentação sugere o uso da conta de Heloísa como “conta de passagem”, com a finalidade de dificultar eventuais bloqueios.

Operações em espécie e câmbio do ex-presidente

O relatório ainda destaca outras movimentações financeiras de Jair Bolsonaro. Entre 14 de janeiro e 11 de julho de 2025, ele realizou 40 saques em dinheiro vivo, realizados em caixas eletrônicos, atendimento presencial e guichê bancário, que totalizaram R$ 130.800,00.

No mesmo período, comprou moeda estrangeira em operações que somaram R$ 105.905,54. Durante uma busca e apreensão feita em sua residência, em 18 de julho de 2025, a PF encontrou US$ 13.400,00 em espécie, guardados em gavetas no quarto e no escritório do ex-presidente.

Dois comprovantes localizados no local mostraram compras de US$ 3.000,00 cada, feitas em 12 de maio e 23 de junho de 2025, ambas liquidadas em espécie.

Indiciamento

Nesta quarta-feira (20/8), a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. O caso integra a Ação Penal nº 2668, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no país.

Além dos dois, outras seis pessoas são rés no processo, que reúne acusações de organização criminosa, tentativa de golpe e restrição ao funcionamento dos poderes constitucionais.

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