A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (21/8) uma megaoperação contra fraudes em licitações, desvio de recursos públicos e uso de empresas de fachada em contratos milionários firmados pela Prefeitura de Cruzeiro e pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae).
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais ligados a empresários, secretários municipais, advogados e dirigentes de autarquias suspeitos de envolvimento no esquema. Os investigadores também realizaram buscas pessoais para apreender celulares e outros dispositivos de servidores públicos.
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A coluna apurou que no centro da investigação está a Nine Digital Bank Certificação Digital e Soluções Empresariais Ltda., apontada pela PF como empresa de fachada usada para drenar milhões de reais dos cofres públicos. O inquérito apura suspeitas de notas fiscais frias, contratos superfaturados, sobrepreço em materiais e pagamento por obras que nunca saíram do papel.
De acordo com o delegado responsável, Leonardo Américo Angelo Santos, a Nine Digital, embora registrada como microempresa, acumulou contratos milionários com a administração municipal, sustentados por uma rede de relações familiares e empresariais dentro do poder público local.
As apurações começaram a partir de denúncias de vereadores e foram aprofundadas com apoio do Ministério Público. Segundo o delegado responsável pela investigação, Leonardo Américo Angelo Santos, os indícios reunidos até o momento revelam “um sofisticado esquema de desvio de recursos que deveria ser destinado a obras públicas, mas que serviu para enriquecer ilicitamente particulares ligados ao poder local”.
“Identificamos um entrelaçamento promíscuo entre interesses empresariais e familiares dentro da própria estrutura da prefeitura. A Nine Digital, embora registrada como microempresa, firmou contratos de cifras milionárias e foi beneficiada com sucessivos empenhos de verbas federais”, afirmou o delegado.
Decisão judicial
As medidas foram autorizadas pela Justiça Federal em Taubaté (SP), após representação da PF que destacou a necessidade de evitar novos prejuízos ao erário.
A operação busca, agora, consolidar provas que possam levar ao indiciamento de empresários e agentes públicos por crimes como fraude em licitação, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.