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    PF fará devassa de 5 anos nas contas de 35 alvos em esquema de SBC

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    A operação da Polícia Federal (PF) que culminou no afastamento do prefeito de São Bernardo prevê uma devassa no histórico de cinco anos de movimentações bancárias de 35 alvos.

    As autorizações dadas pela Justiça incluem as contas do prefeito Marcelo Lima e do homem apontado como seu operador, Paulo Iran Paulino Costa, que está foragido. A lista também abarca vereadores de São Bernardo, assessores políticos e diversos representantes de empresas.

    A evolução das investigações gera apreensão no mundo político pela expectativa de possíveis novos nomes atingidos pelo escândalo. Isso porque os dados até agora se resumem às conversas e dados apreendidos em posse de Paulo Iran.

    Além das quebras de sigilo, a Justiça também autorizou o cumprimento de busca e apreensão de 16 alvos. Logo, haverá a análise de todo tipo de material já encontrado com eles.

    Os dados e itens apreendidos podem ainda ajudar a desvendar e juntar provas sobre novos nomes representados por siglas em planilhas feitas por Paulo Iran, ainda sem identificação nos autos.

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    O saldo dos avanços da polícia permitirá que a investigação avance sobre o já vasto acerto aprendido relacionado ao operador, como mensagens via WhatsApp e anotações. A metodologia informal dele para a contabilidade suspeita inclui com registros em post-it e mensagens codificadas sobre os valores repassados (“americanos” para dólares, “figurinhas” para valores em dinheiro, “kilos” para milhares de reais).

    10 imagensDinheiro em espécie na casa de um servidor públicoR$ 210 mil em espécie foram achados na casa do sócio de uma empresa de medicamentosPF fez apreensões de cédulas de dinheiro em uma empresa de medicamentosQuase R$ 2 milhçoes foram apreendidos na casa de um sócio de empresa de terraplanagem foi alvo de mandado de buscaPilhas de dinheiro achadas na casa do sócio de uma empresa de terraplanagemFechar modal.1 de 10

    Dinheiro encontrado na casa de um servidor público

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    Dinheiro em espécie na casa de um servidor público

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    R$ 210 mil em espécie foram achados na casa do sócio de uma empresa de medicamentos

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    PF fez apreensões de cédulas de dinheiro em uma empresa de medicamentos

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    Quase R$ 2 milhçoes foram apreendidos na casa de um sócio de empresa de terraplanagem foi alvo de mandado de busca

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    Pilhas de dinheiro achadas na casa do sócio de uma empresa de terraplanagem

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    Relógios apreendidos na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação

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    Arma e munição apreendidas na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação

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    Arma e dinheiro apreendidos na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação

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    Relógios de luxo apreendidos na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação

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    Buscas

    A polícia ainda segue buscando Paulo Iran, considerado peça-chave no esquema e acusado de pagar, com dinheiro de propina, despesas pessoais da família de Marcelo Lima, como cartão de crédito, passagens aéreas e até faculdade de medicina da filha dele. Na residência dele, em junho, os policiais haviam encontrado R$ 14 milhões em dinheiro vivo.

    Paulo Iran estava lotado no gabinete do deputado estadual Rodrigo Moraes (PL) e foi exonerado nessa sexta-feira (15/8). Na quinta-feira (14/8), a pedido da PF, a Justiça decretou a prisão preventiva de Iran, mas ele não foi localizado.

    Polícia Federal esteve na casa do servidor pela primeira vez em 7 de junho deste ano, quando apreendeu mais de R$ 12 milhões e US$ 157 mil, além de R$ 583 mil no carro do servidor. Nessa operação, a equipe também encontrou diversas anotações com codinomes para organizar o dinheiro, que era distribuído aos beneficiários em mochilas e caixas de papelão.

    Segundo a investigação, Paulo Iran recebia dinheiro de pelo menos 15 empresas dos setores de saúde e obras da Prefeitura de São Bernardo do Campo. Uma delas, a Quality Medical, que também foi alvo da operação policial, é acusada de ter feito R$ 670 mil em repasses.

    Para isso, ele se utilizava de um telefone paralelo para trocar mensagens codificadas sobre os valores com ajuda de Antônio Renê da Silva Chagas, funcionário da prefeitura.

    Quem são os outros alvos da operação

    • Antonio Rene da Silva Chagas — Ao lado de Paulo Iran Paulino Costa, o servidor Antonio Rene da Silva Chagas, conhecido como “Renegade”, atuava na divisão do dinheiro obtido por meio do esquema, que seria entregue para os beneficiários em mochilas e caixas de papelão.
    • Fabio Augusto do Prado — Apelidado no esquema como “Fabio Campanha” e “Sacolão”, o secretário de Coordenação Governamental, Fabio Augusto do Prado, teria sido flagrado em conversas de WhatsApp com operadores do esquema falando sobre a “chegada de valores”, que seriam recebido por meio de dinheiro fracionado.
    • Roque Araújo Neto — Também apontado como operador do esquema, o servidor da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo Roque Araújo Neto aparece em anotações do caixa clandestino de Paulo Iran. Nos papéis encontrados, havia um crédito de R$ 390 mil associado ao nome dele.
    • Sócios da Quality — Felipe Rafael Pereira Fabri e Caio Henrique Pereira Fabri, sócios da Quality Medical Comercio e Distribuidora de Medicamentos, são alvos da operação porque nas anotações de Paulo Iran a empresa é associada a valores expressivos, que somam pelo menos R$ 666 mil.
    • Sócios do Consórcio São Bernardo Soluções — Luís Roberto Peralta e Leonardo Agnello Pegoraro, sócios do Sócios do Consórcio São Bernardo Soluções, também são alvos de mandados de busca por anotações relacionando a empresa a pagamentos, de pelo menos R$ 174 mil.
    • Sócio da Ballarin Imobiliária — Apesar de empresa, ao contrário de outras investigadas, não prestar serviço para a prefeitura, o sócio Murilo Batista de Carvalho foi alvo de mandado de busca. Em anotações de Paulo Iran, Murilo aparece associado ao número 400, o que, para a PF, também poderia indicar um pagamento.
    • Sócio da Terraplanagem Alzira Franco — Assim como no caso da Ballarim, a empresa Terraplanagem Alzira Franco, de Edmilson de Deus Carvalho, também não possui contrato com a gestão municipal de São Bernardo do Campo. No entanto, nas anotações do principal operad0r do esquema conta “Edmilson 30k ok”, o que indicaria a movimentação de R$ 30 mil. A PF cita ainda uma conversa de 2024 em que Edmilson dá a Iran orientações sobre quando quantias em dinheiro deveriam ser entregues.
    • Danilo Lima de Ramos — O vereador Danilo Lima de Ramos, segundo a PF, é mencionado em conversas entre Paulo Iran e Fabio Augusto Prado. “Do Danilo, é uma conta do Danilo, os negócios dele lá… Outras coisas, entendeu?”, diz Iran em um dos trechos mencionados. Há ainda, indicação de depósito solicitado por Danilo e feito pelo operador na conta de terceiro.
    • Ary José de Oliveira — O vereador Ary José de Oliveira também aparece em conversas dos operadores do esquema. “Ary até agora 3x de 50”, diz Paulo Iran. Há ainda, anotações, diversos valores associados ao nome do parlamentar, diz a PF.
    • Paulo Sérgio Guidetti — Ex-secretário de Administração e atual servidor municipal de São Bernardo do Campo, Paulo Sérgio Guidetti é mais um que aparece em mensagens trocadas por Paulo Iran. “Acabei de pegar… ele disse pra conferir. Provavelmente veio os 150”, afirma o operador.

    Em nota ao Metrópoles, a Prefeitura de São Bernardo do Campo disse que vai colaborar com as informações necessárias em relação ao caso. “A gestão municipal é a principal interessada para que tudo seja devidamente apurado. Reforçamos que o episódio não afeta os serviços na cidade”, diz o texto.

    A reportagem também tenta contato com as defesas dos demais citados nas investigações da PF. O espaço segue aberto para atualizações.