A Polícia Federal (PF) investiga um caso emblemático de fraude envolvendo a construção de uma rampa de acesso para ambulâncias na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Crispim, em Cruzeiro (SP). A obra, contratada por R$ 98,6 mil com recursos do Fundo Nacional de Saúde, foi paga integralmente à empresa Nine Digital Bank Certificação Digital e Soluções Empresariais Ltda., mas nunca saiu do papel.
O contrato teve origem em um pregão presencial, que previa fornecimento e execução de blocos de concreto para pavimentação. A Nine Digital foi declarada vencedora e recebeu os valores antecipadamente.
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No entanto, vistoria da PF em março de 2025 constatou que a UBS estava desativada, sem qualquer sinal de construção, placa de obra ou materiais no local.
O fiscal responsável pelo contrato era Jorge Fonseca, chefe de gabinete do vice-prefeito e subsecretário de Obras. Ele terá de explicar à Justiça como atestou a execução de uma obra que nunca ocorreu.
Outras irregularidades
Além da rampa, a investigação revelou um padrão de fraudes em outros contratos da Nine Digital. Em uma obra de pavimentação na Vila José Mariano, orçada em R$ 104,7 mil, a empresa deveria fornecer material e mão de obra.
Porém, a PF constatou que o serviço foi executado por três servidores municipais efetivos e dois contratados pelo programa Frente de Trabalho, pagos pelo próprio município.
Na prática, segundo a Polícia Federal, a prefeitura pagava duas vezes: pelos salários dos funcionários e pelo contrato superfaturado com a empresa de fachada.
Contexto da operação
O caso da “rampa fantasma” é apenas uma das fraudes descobertas no âmbito da operação da PF que investiga a Nine Digital Bank e seus vínculos com agentes públicos em Cruzeiro. O esquema, segundo a investigação, envolvia empresas de fachada, familiares em cargos estratégicos e contratos milionários superfaturados.