Informações anexadas ao processo da Operação Route 156 mostram que a Polícia Federal (PF) fez uma vigilância e monitorou o empresário Breno Chaves, suplente do senador Davi Alcolumbre (União-AP), durante um saque de R$ 350 mil em uma cidade do Amapá.
Chaves foi um dos alvos da operação que mira desvios em contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Amapá (DNIT/AP). Alcolumbre, por sua vez, não foi alvo e não é investigado no caso.
A operação Route 156 cumpriu 11 mandados de busca em 22 de julho para avançar na apuração sobre um esquema criminoso de direcionamento de licitações e desvio de recursos públicos federais vinculados a contratos de manutenção e recuperação da rodovia BR-156, no Amapá.
O monitoramento de Breno Chaves aconteceu em 7 de novembro de 2024.
Após fazer um provisionamento de um saque de R$ 350 mil na agência do Banco do Brasil em Santana (AP), Breno Chaves se deslocou até o banco e foi seguido por agentes da PF.
De acordo com dados da PF, ele chegou em um veículo Compass branco por volta das 13h14.
O suplente de Alcolumbre estava com uma mochila azul e ficou na agência cerca de 30 minutos, de acordo com a PF.
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Por volta das 13h40, ele deixou o banco com a mesma mochila azul e seguiu até a LB Construções, onde ficou até às 18h15.
A LB Construções é uma das empresas investigadas pela operação Route 156 e é ligada ao empresário Breno Chaves.
“O empresário Breno Chaves Pinto, controlador das empresas Rio Pedreira e LB Construções, é apontado como o líder do núcleo privado, exercendo forte ingerência institucional no DNIT/AP, valendo-se de sua condição de suplente de Senador da República”, diz trecho da decisão da Justiça que autorizou as buscas na operação Route 156.
Defesas
Em nota, a defesa de Breno Chaves afirmou que o “processo tramita sob segredo de justiça, razão por que as manifestações da defesa ocorrem exclusivamente nos autos”.
Ainda segundo a defesa, o empresário “reafirma sua inocência e tranquilidade, e no momento oportuno este se pronunciará, oferecendo todos os esclarecimentos necessários à imprensa e à sociedade.”
Em nota divulgada no dia da operação, a assessoria de comunicação de Alcolumbre afirmou que o senador não possui qualquer relação com as empresas citadas na operação desta terça-feira (22), nem com a atuação empresarial do seu segundo suplente.
“Alcolumbre reitera seu respeito às instituições e entende que todos os envolvidos devem prestar os devidos esclarecimentos à Justiça, respeitado o devido processo legal”, diz a nota.
Já o Dnit, também em nota, afirma que o órgão colabora com a investigação, visando a completa elucidação dos fatos e diz repudiar “qualquer prática fraudulenta ou ato de corrupção e conta com uma Política Antifraude e Anticorrupção que, entre outros aspectos, deixa clara essa premissa”.
“As instâncias de integridade da autarquia também estão apurando os fatos a fim de adotar as medidas administrativas que forem necessárias […] O DNIT está em permanente contato com os órgãos de controle e reafirma que pauta sua atuação dentro da legalidade e lisura, respeitando todos os princípios éticos da administração pública”, diz trecho da manifestação.