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    PF usa “constelação de satélites” contra crimes ambientais na Amazônia

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    O combate a crimes ambientais capitaneado pela Polícia Federal (PF) na região amazônica, território em que irregularidades como o garimpo e desmatamento ganham espaço, se vale do uso de uma “constelação de satélites” para ajudar os agentes a identificar possíveis crimes em curso.

    A estratégia consiste no uso de diversos satélites que capturam imagens diárias do território, possibilitando a verificação de mudanças nessas áreas e, consequentemente, acendendo o alerta da corporação para os locais que demandam mais atenção investigativa.

    Segundo Humberto Freire de Barros, diretor de Amazônia e Meio Ambiente da corporação, os satélites monitoram as áreas de floresta da região e enviam imagens em alta resolução diariamente, criando uma base de dados utilizada inclusive para prevenção de crimes.

    Em um primeiro momento, as imagens são analisadas pela Inteligência Artificial (IA), que, a partir de suas características, pode identificar locais de desmatamento, presença de garimpo ilegal e eventuais focos de incêndio.

    Com a análise, a IA cria alertas diários que mostram a todos aos agentes onde é preciso concentrar seus esforços.

    O delegado detalha que as imagens fornecidas pelos satélites permitem, por exemplo, identificar locais de desmatamento de corte raso, quando a madeira é retirada por completo e desmatamento de corte seletivo, quando apenas algumas árvores mais nobres são retiradas.

    Também é possível identificar quando há alguma atividade garimpeira ou desmatamento em razão do garimpo. “Até dragas garimpeiras são identificadas por essas imagens de satélites e focos de incêndio também”, explicou o delegado em entrevista ao Acorda Metrópoles nesta semana.

    Polícia Federal

    Segundo Humberto, a ferramenta passou a ser usada a partir da contratação de uma empresa que possui essa “constelação de satélites” e reforça que ela também é utilizada por outros órgãos, possibilitando o compartilhamento de alertas.

    “Há parcerias da Polícia Federal com Ministérios Públicos, com Justiça, com Secretarias de Meio Ambiente, IBAMA, FUNAI, ANM, vários órgãos já utilizam essa ferramenta e também fazem o seu trabalho específico com base nessas imagens do projeto Brasil Mais. Então, há uma integração em torno desses alertas para que a gente possa coibir o que está acontecendo em maior quantidade”, afirma.

    Prevenção de crimes

    A atuação da PF focada em crimes ambientais ganhou mais fôlego a partir de 2023, com a criação de uma área dentro da corporação dedicada apenas a casos que envolvem esse tipo de delito.

    Segundo Humberto, que comanda a diretoria, somente neste ano já foram abertos 60 inquéritos para apurar incêndios criminosos. No ano passado, esse número foi de 141 investigações.

    O delegado também ressalta outro foco da atuação da Polícia Federal para coibir crimes ambientais, especificamente o incêndio criminoso, mas na área de prevenção. Ele cita a criação de polos dedicados à investigação com o objetivo de coibir esse tipo de delito.

    Segundo ele, esses polos estão espalhados por diversos estados do país e, em sua avaliação, a iniciativa foi positiva, ajudando inclusive nos flagrantes.

    “No mês de junho, a gente instalou esses seis polos, que estão nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e em quatro estados da Amazônia: Acre, Rondônia, Amazonas e Pará. E já temos equipes dedicadas da Polícia Federal atuando desde junho e que articulam com as forças estaduais a realização de ações e de desencadeamento de investigações integradas”, declarou no Acorda Metrópoles.