O deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) ainda não recebeu um comunicado oficial sobre a saída do partido. O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, anunciou que o parlamentar seria expulso em 31 de julho.
Rodrigues foi o único parlamentar do PL que não assinou o pedido de urgência para o projeto de lei que anistia os envolvidos em 8 de janeiro na Câmara dos Deputados.
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A gota d’água para a saída de Antonio Carlos do partido, porém, foi uma declaração dada ao Metrópoles, em que o parlamentar chamou a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como “o maior absurdo que já viu na vida”.
“O Alexandre é um dos maiores juristas do país, extremamente competente. Trump tem que cuidar dos Estados Unidos. Não se meter com o Brasil como está se metendo”, disse Rodrigues.
Questionado se já havia sido comunicado sobre o desligamento, Antonio Carlos disse que não recebeu nenhum aviso, além de notícias na imprensa.
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Deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (SP), que foi expulso do PL depois de elogiar Alexandre de Moraes
Bruno Spada / Câmara dos Deputados2 de 3
Marcelo Camargo/Agência Brasil3 de 3
Deputado Antônio Carlos Rodrigues atua como principal ponte entre Valdemar e Alexandre de Moraes
André Corrêa/Agência Senado
“Ainda não recebi, estou aguardando”, afirmou o deputado.
Um dos fundadores do PL, Antonio Carlos Rodrigues é amigo de Alexandre de Moraes. Em maio, ele subiu ao palco com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em evento na capital paulista e disse que não cedia a pressões para não votar em projetos que considerava interessantes para o país, mesmo que fossem do governo.
“Ignorância”, diz carta de demissão
A expulsão do deputado chegou por meio de nota do presidente do partido, Valdemar Costa Neto. O comunicado à imprensa causou estranheza entre aliados paulistas, que conhecem a relação de longa data entre Antonio Carlos e Valdemar.
“A pressão da nossa bancada foi muito grande. Nossos parlamentares entendem que atacar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é uma ignorância sem tamanho”, disse o presidente do partido à época.
Nos bastidores, integrantes do PL dizem que Valdemar até tentou manter Antonio Carlos na sigla – o deputado seria um dos únicos elos entre o partido e o ministro Alexandre de Moraes. No entanto, a pressão foi grande e partiu, em boa parte, dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O movimento preocupa integrantes do chamado “PL raiz”, em São Paulo. Com a escalada dos atritos entre Moraes e bolsonaristas, o grupo ligado às origens do partido estaria perdendo espaço para os políticos que chegaram à sigla junto com Bolsonaro. O ex-presidente se filiou à legenda no fim de 2021.
Valdemar Costa Neto e o PL não responderam a perguntas sobre a demora no aviso oficial sobre o desligamento de Antonio Carlos Rodrigues.
Embate acirrado em julho
- Em julho, o embate entre Moraes e Bolsonaro escalou. No dia 18 daquele mês, o ministro do STF determinou medidas cautelares que obrigaram o ex-presidente a usar tornozeleira eletrônica.
- No dia 30, o governo americano aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro do STF. A sanção, imposta a violadores dos direitos humanos e integrantes de escândalos de corrupção, proíbe estrangeiros a entrarem nos Estados Unidos e fazerem transações econômicas com empresas americanas.
- O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) anunciou que iria entrar com novo pedido de Impeachment contra Alexandre de Moraes no mesmo dia em que o governo dos Estados Unidos comunicou sobre a sanção ao ministro.
- Bolsonaristas celebraram ter alcançado as 41 assinaturas necessárias para protocolar um pedido de impeachment. O resultado, porém, conta com a adesão de Margareth Buzetti (PP-MT), suplente do ministro de Lula e senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT).