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    PT quer rever regra de suplência para reverter goleada na CPMI do INSS

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    O PT passou a defender a revisão das regras de suplência após ser pego de surpresa e perder para a oposição o comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Caciques da sigla entendem que, diante da ausência de membros titulares do colegiado alinhados ao governo, suplentes de oposição puderam votar de maneira contrária aos interesses do Planalto.

    Isso é possível por causa da reorganização dos blocos partidários da Câmara, deflagrada este ano. No novo acordo político, as principais legendas da Casa decidiram ficar num único bloco, que reúne do PT ao PL, somando 475 dos 513 deputados. Só não participam dele Avante, Solidariedade, PRD, Psol, Rede e Novo.

    Dessa forma, caciques do PT planejam questionar à Câmara o funcionamento da suplência, para garantir que parlamentares do mesmo partido ou federação fiquem preferencialmente com a vaga de titular. Segundo interlocutores da sigla, eles também pretendem convencer os partidos do centrão a trocarem seus indicados por nomes mais alinhados ao governo, e estudam o regimento para tentar trocar a relatoria, hoje com o deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

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    O brainstorming petista acontece após um nocaute da oposição, que derrubou de uma só vez os nomes acordados entre pelo Planalto com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para a presidência e relatoria da comissão. A articulação obteve um sucesso inédito no Congresso e impôs uma derrota tripla à cúpula dos dois Poderes.

    Motivos para reviravolta

    A eleição do oposicionista do senador Carlos Viana (Podemos-MG, ao centro na imagem em destaque) contra Omar Aziz (PSD-AM) foi considerada humilhante para o governo, Motta e Alcolumbre, e levou a uma lavação de roupa suja sobre o que colaborou para o revés. Segundo lideranças lulistas e bolsonaristas ouvidas pelo Metrópoles, falou-se sobre:

    • A baixa liberação de emendas pelo governo federal. Até a semana anterior à instauração da CPMI, o Planalto havia pagado apenas R$ 14 bilhões com rubricas do Legislativo. A média diária de pagamentos caiu quase pela metade com relação ao apresentado em 2024, o que aumenta a insatisfação de parlamentares, principalmente os do Centrão, que se uniram à oposição para dar o controle da comissão aos bolsonaristas.
    • O “salto alto” da base. Esse foi o termo citado pelo líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), ao comentar a derrota. “O time entrou com salto alto, subestimou o adversário, e o adversário teve capacidade de se articular, exerceu maioria e elegeu presidente”, disse o senador, responsável pela articulação do Planalto em temas que dizem respeito às duas Casas do Congresso.
    • A falta de controle de Motta sobre o Centrão. Caciques de partidos que integram esse grupo, do qual o presidente da Câmara faz parte, indicaram deputados de perfil oposicionista, e sob segredo sugeriram a votação em Viana, com Gaspar para relatoria. O movimento aconteceu num momento de aproximação de legendas como União Brasil e PP com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.
    • Ausência de nomes da base. Viana foi eleito por 17 votos a 14 de Aziz, e isso ocorreu diante da ausência de nomes importantes do governo no plenário. Foram citadas as faltas do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e Rafael Brito (MDB-AL).
    • O cuidado da oposição, que articulou na véspera à boca miúda a troca de indicações. Caciques do Centrão pediram reserva aos liderados durante a noite e a madrugada de terça para quarta, visando pegar o governo de surpresa.
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    A CPMI reúne 32 integrantes, entre deputados e senadores, tanto da base do governo quanto da oposição. O colegiado ainda contará com o mesmo número de suplentes.

    Após a derrota, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, convocou os líderes da base do governo no Congresso Nacional para tratar da CPMI. O encontro ocorreu no Palácio do Planalto após o presidente Lula se reunir com Motta e o líder do PT do Senado Federal, Rogério Carvalho (SE).