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Rede criminosa usava usinas e fintech como banco paralelo, diz PF

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Rede criminosa usava usinas e fintech como banco paralelo, diz PF

A Polícia Federal (PF) apresentou, nesta quinta-feira (28/8), os resultados das operações Quasar e Tank, que atingiram em cheio o braço financeiro do crime organizado infiltrado no setor de combustíveis. A investigação, que ocorreu com apoio da Receita Federal, expôs um esquema bilionário que misturava economia real, mercado financeiro e organizações criminosas.

A Quasar tem como foco uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituições financeiras. O grupo operava por meio de fundos de investimento, usados para blindar patrimônio e ocultar a origem ilícita dos recursos.

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A investigação descobriu que os criminosos estruturaram camadas societárias complexas, com fundos que detinham participação em outros fundos ou empresas, simulando transações de compra e venda de ativos como imóveis e títulos. O objetivo era dar aparência de legalidade a negócios inexistentes.

Nesta fase, a Justiça Federal autorizou o sequestro integral dos fundos usados para a fraude, além do bloqueio de bens e valores de até R$ 1,2 bilhão. Também foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto.

Operação Tank
A Tank revelou a dimensão da infiltração criminosa no Paraná: uma rede de empresas que desde 2019 movimentava mais de R$ 23 bilhões e lavou pelo menos R$ 600 milhões. Segundo a PF, o esquema usava postos de combustíveis, distribuidoras, holdings, empresas de cobrança e até instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central.

Os criminosos se valiam de depósitos fracionados em espécie, uso de laranjas, repasses sem lastro fiscal e fraudes contábeis para mascarar a origem do dinheiro. Além da parte financeira, houve práticas ilegais na distribuição: adulteração de gasolina e a chamada “bomba baixa”, em que o consumidor paga por um volume maior do que realmente recebe.

Só em Curitiba, pelo menos 46 postos estariam envolvidos.Foram cumpridos 14 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

A Justiça determinou o bloqueio de bens de 41 pessoas físicas e 255 jurídicas, totalizando mais de R$ 1 bilhão. Durante coletiva de imprensa, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, destacou que a ação tem como prioridade desmantelar esquemas de lavagem de dinheiro que se escondem por trás de atividades aparentemente legais.

“Nós não estamos fazendo nenhuma operação contra determinada facção criminosa. Nós estamos fazendo uma operação ampla, focada na lavagem de dinheiro, focada no uso do mercado formal para o cometimento de crimes. E fazendo isso com a firmeza, a correção e o rigor com que sempre conduzimos nossas operações.”

Questionado sobre o alcance da investigação, Andrei reforçou que o alvo não são apenas grupos específicos, mas toda a engrenagem financeira usada pelo crime.

“Não estamos aqui preocupados se determinado grupo vai reagir ou não. Esse é um esquema de lavagem de dinheiro que envolve vários segmentos. É mais um trabalho que a Polícia Federal faz com seus parceiros de sempre, e assim faremos tantas operações quanto forem necessárias.”

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