O secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, criticou nesta quarta-feira (13/8) a decisão do governo dos Estados Unidos de revogar seu visto e impor restrições de viagem. Segundo ele, a medida é “injusta” e não apaga o legado positivo do programa Mais Médicos, criado durante a primeira passagem de Alexandre Padilha pela pasta, no governo de Dilma Rousseff (PT).
Sales, que participou da elaboração da iniciativa, afirmou que o Mais Médicos foi fundamental para ampliar o atendimento básico no país e levar profissionais a regiões com escassez de médicos.
“O Programa Mais Médicos pelo Brasil é uma iniciativa primordial do Governo Federal para garantir o necessário atendimento de saúde a milhões de brasileiras e brasileiros em todas as regiões do país”, disse.
Ele destacou que, no momento de criação do programa, foi firmada cooperação internacional com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), permitindo a atuação de médicos cubanos no Brasil — algo que já ocorria em 58 países de diferentes orientações políticas.
“Graças a essa iniciativa, a presença de profissionais brasileiros, cubanos e de outras nacionalidades ofereceu atenção básica de saúde e mãos fraternas a quem mais precisava. Diminuiu incontáveis dores, sofrimentos e mortes”, declarou.
Segundo o secretário, a política pública teve ampla aceitação popular, com aprovação de 87% da população, segundo pesquisa Datafolha de 2013, além de impactos positivos comprovados por estudos científicos.
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Acusação dos EUA
Mais cedo, o Departamento de Estado norte-americano anunciou a revogação de vistos e a imposição de restrições a vários funcionários brasileiros, ex-funcionários da OPAS e familiares, acusando-os de participação em um “esquema coercitivo de exportação de mão de obra” do regime cubano por meio do programa brasileiro.
Washington afirma que dezenas de profissionais cubanos relataram exploração e retenção de parte de seus salários.
Além de Mozart Sales, Alberto Kleiman também teve o visto revogado. Ele atuou no Ministério da Saúde na época do planejamento e implementação do programa.
“Ora, nossa ação envia uma mensagem inequívoca de que os Estados Unidos promovem a responsabilização daqueles que viabilizam o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”, afirmou o Departamento de Estado, em nota.