Em entrevista ao Contexto Metrópoles na tarde desta quinta-feira (21), o pastor Silas Malafaia criticou o presidente da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) por não ter pautado a discussão sobre a anistia dos réus do 8 de janeiro na Casa.
“A maioria dos deputados decidiu pela discussão da anistia, e o seu Hugo Motta, que não tem palavra (não pautou). Ele está preso no STF porque há coisas contra a família dele lá. Está fazendo um jogo sujo, vergonhoso e mostrando que não tem palavra. O povo da Paraíba vai dar uma resposta para ele”
“O Congresso Nacional, que representa o povo, só age por pressão do povo. É o povo que é o supremo poder. Cada manifestação é um tijolinho. Cada vídeo é um tijolinho”, disse Malafaia.
No fim da tarde de ontem, o ministro Alexandre de Moraes incluiu o pastor Silas Malafaia na investigação que apura a suposta tentativa de Eduardo Bolsonaro de interferir no curso do processo contra ele e seu pai. Apesar disso, o pastor não foi indiciado pela PF, como aconteceu com Eduardo e Jair Bolsonaro.
Além disso, o pastor também teve todos os seus passaportes cancelados e não pode deixar o país.
Moraes incluiu Malafaia nas investigações após a PF apresentar trocas de mensagens de áudio entre ele e Jair Bolsonaro, na qual os dois discutem as sanções dos Estados Unidos ao Brasil. Por decisão de Alexandre de Moraes, a PF fica autorizada a vasculhar o celular de Malafaia – ele diz ter entregado a senha do aparelho aos agentes – e também a quebrar os sigilos bancários, fiscais e telefônicos do pastor.
“O artigo das atribuições do Congresso (na Constituição) diz que é atribuição dele a concessão da anistia. Se o STF considerar (a anistia) inconstitucional, vai estar rasgando a Constituição”, disse.
“Lembrar a esquerda que a anistia que foi dada (na ditadura) foi para guerrilheiros assassinos, assaltantes de banco. Que queriam instalar a ditadura do proletariado (…). A esquerda lutou pela anistia desse pessoal”, disse ele.
Silas Malafaia foi também proibido de se comunicar com o ex-presidente e com Eduardo. Na noite de ontem, ele esteve na delegacia da PF no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Permaneceu em silêncio diante da PF, mas se manifestou ao ser abordado pela PF após o depoimento.
“Apreender meu passaporte? Eu não sou bandido. Apreender meu telefone? Vai descobrir o quê? Eu ainda dei a senha, porque eu não tenho medo de nada”, disse ele aos jornalistas no Galeão.
O pastor também reclamou da divulgação de suas conversas privadas pelo STF. “Que país é esse que vaza conversas minhas particulares, como se eu instruísse Eduardo: ‘olha, faz assim, ou faz assado’. Quem sou eu? A posição de Eduardo é dele.”
“É uma vergonha. Que país é esse? Que democracia é essa? Eu não vou me calar. Vai ter que me prender para me calar”, disse ele.
De acordo com o STF, Malafaia é investigado por supostamente ter ajudado Eduardo Bolsonaro a praticar os crimes de coação no curso do processo e obstrução da Justiça, ao mobilizar sanções do governo dos Estados Unidos.
Essa articulação de Eduardo com o governo do republicano Donald Trump teria como objetivo evitar que seu pai seja condenado na ação penal que apura a suposta tentativa de golpe de estado entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.