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Trump: Ucrânia terá “muito território”, mas sem a “segurança” da Otan

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Trump: Ucrânia terá “muito território”, mas sem a “segurança” da Otan

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu detalhes sobre a partilha dos territórios ucranianos atualmente ocupados pela Rússia, após a cúpula dessa segunda-feira (18/8), que reuniu o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus na Casa Branca, em Washington D,C.

À rede de TV Fox News Trump afirmou, nesta terça-feira (19/8), que a Ucrânia ficará “com muito território”, em referência às regiões atualmente ocupadas por tropas russas, mas não especificou quais.

Sobre as garantias de que a Ucrânia não volte a ser atacada, que os líderes europeus pediram na reunião dessa segunda na Casa Branca, o líder norte-americano afirmou que “haverá algum tipo de segurança, mas não (nos moldes) da Otan”.

O presidente ucraniano, por sua vez, tem dito que não aceitará negociar nenhum de seus territórios com Moscou, condição imposta pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, para um acordo de paz.

Trump também afirmou na entrevista não ter certeza de que Putin vai querer fechar o acordo de paz e que saberá disso “nas próximas duas semanas”.

“Vamos descobrir mais sobre o presidente Putin nas próximas semanas. É possível que ele não queira fechar um acordo”, disse Trump, acrescentando que o líder russo enfrentaria uma “situação difícil” se não fosse esse o caso.

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A presidente da Comissão Europeia (o braço executivo da União Europeia), Ursula von der Leyen, que participou da reunião com Trump e Zelensky, sugeriu que as garantias de segurança — ou seja, de que a Ucrânia não volte a ser invadida após o fim do conflito — sejam similares ao Artigo 5 da Otan, que prevê que aliados possam intervir caso um após membro seja atacado por um terceiro país.

Sinalização da Rússia

Após a reunião de dessa segunda, a Rússia deu nesta terça a primeira sinalização de que pode aceitar um encontro entre Zelensky e Vladimir Putin.

O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta manhã que”a Rússia não rejeita nenhum formato para discutir o processo de paz na Ucrânia”.

Nessa segunda, após o encontro na Casa Branca, Trump disse estar preparando uma reunião trilateral entre ele, Zelensky e o presidente russo, em data e local ainda não acertados.

Lavrov sugeriu também sugeriu que Moscou está disposta a abrir mão de parte dos territórios que ocupa na Ucrânia — um dos prinicipais impasses das negociações. O chanceler afirmou que “a Rússia nunca quis só territórios”.

“A Rússia nunca quis só territórios na Ucrânia. Também pensamos na segurança dos nossos cidadãos”, declarou o chancler.

Ele pediu que um acordo também tragar garantias de segurança para a Rússia — na segunda-feira, líderes da UE e o própiro Zelensky também insistiram em que um acordo de paz tenha essas mesmas garantias para o lado ucraniano.

Também nesta terça, Volodymyr Zelensky, disse que seu governo já começou a desenhar os termos para as garantias de segurança que estarão na proposta de paz.

O que está em jogo

Antes da reunião, Zelensky insistiu que não aceitará ceder território e que qualquer acordo precisa ser acompanhado de garantias internacionais semelhantes às do Artigo 5 da Otan, que prevê defesa coletiva em caso de ataque. “A linha de frente é agora o lugar onde essas negociações podem começar”, disse o presidente ucraniano neste domingo.

Trump, por sua vez, declarou no fim de semana que houve “grandes progressos” em sua conversa com Vladimir Putin, no Alasca. Segundo o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, o presidente russo teria sinalizado abertura para discutir garantias de segurança no modelo da Otan, algo descrito como “transformador” — mas sem detalhes sobre os termos.

Às vésperas do encontro, os presidentes comentaram as propostas nas redes sociais. Trump voltou a pressionar Zelensky para aceitar a proposta de Putin, de anexar territórios como a Crimeia e desistir de fazer parte da Otan. Já o ucraniano negou que cogita ceder terras aos russos.

Esboço da proposta russa

Um rascunho da proposta de Putin para encerrar a guerra começou a circular entre diplomatas, segundo a agência Reuters. O plano prevê a retirada parcial de tropas russas do norte da Ucrânia, mas exige contrapartidas consideradas inaceitáveis por Kiev: o reconhecimento da anexação da Crimeia, a manutenção do controle do Kremlin sobre grande parte do Donbas, a promessa de que a Ucrânia não se juntará à Otan e o alívio das sanções internacionais contra Moscou.

Diplomatas ressaltam que o esboço não é um acordo formal, mas indica a tentativa russa de consolidar ganhos militares e políticos obtidos desde 2022. Para Zelensky, qualquer concessão desse tipo significaria abrir mão da soberania ucraniana.

Europa tenta cortejar Trump

O encontro em Washington também é interpretado como uma tentativa europeia de cortejar Trump após a cúpula realizada no Alasca, na última sexta-feira. Na ocasião, Putin conseguiu convencê-lo a abandonar a exigência de um cessar-fogo imediato e reforçou demandas que já eram conhecidas: anexação de territórios, desarmamento ucraniano e retirada de sanções.

Segundo o jornal americano “The New York Times”, Trump e Putin chegaram a discutir a cessão completa de Donetsk e Lugansk à Rússia, incluindo áreas que não estão sob ocupação militar. Zelensky sempre rejeitou a ideia, mas admitiu no domingo, em Bruxelas, que pode negociar sobre as terras já controladas por tropas russas.

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, também reconheceu que Kievm na prática, provavelmente terá que aceitar a perda de territórios, ainda que isso não seja reconhecido formalmente no âmbito jurídico internacional.

Rússia tenta comprar tempo

Ainda segundo o “The New York Times”, Trump pretende organizar uma “cúpula tripartite” com Ucrânia e Rússia já nesta sexta-feira (22/8) se as conversas com Zelensky e europeus forem boas. Ainda de acordo com o jornal, Putin prometeu participar, mas somente se Kiev aceitar renunciar a determinados territórios antes.

O presidente russo, no entanto, continua retratando Zelensky como ilegítimo. Para diplomatas europeus, há dúvidas se Putin realmente topará dividir a mesa com o ucraniano ou se continuará a ganhar tempo para consolidar seus avanços militares.

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