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    Vice de Trump não sabia de desvio do rio para passeio, diz gabinete

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    Um porta voz do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, negou o envolvimento dele e de sua equipe no desvio de fluxo do Rio Little Miami, localizado no estado de Ohio, para que fosse realizado um passeio de barco em família, no início do mês. De acordo com o gabinete, Vance não tinha conhecimento de que engenheiros do Exército americano haviam realizado o aumento no nível da água antes do programa familiar, no dia do aniversário dele.

    “O Serviço Secreto frequentemente emprega medidas de proteção sem o conhecimento do vice-presidente ou de sua equipe, como foi o caso no fim de semana passado”, disse o porta-voz. De acordo com reportagem do jornal The Guardian, na ocasião, foi realizado um pedido ao Serviço Secreto dos EUA para “apoiar a navegação segura” da equipe de segurança do vice-presidente.

    JD Vance foi visto na área sudoeste de Ohio em 2 de agosto, dia do 41º aniversário dele. Nas redes sociais, o vice-presidente apareceu de canoa no rio, um afluente do Lago Caesar Creek. Para uma fonte ouvida pelo jornal The Guardian, o pedido de escoamento para o Lago Caesar Creek não visava apenas apoiar a equipe do Serviço Secreto do vice-presidente, mas criar “condições ideais para a navegação de caiaque”.

    Dados públicos do Serviço Geológico dos EUA (USGS) reunidos pela reportagem mostram um aumento repentino no nível do Rio Little Miami e uma queda correspondente na elevação do lago durante os primeiros dias de agosto, justamente quando Vance estava de férias.

    Em uma declaração enviada ao Guardian, o porta-voz do USGS, Gene Pawlik, disse que órgão havia recebido “um pedido para aumentar temporariamente as saídas do Lago Caesar Creek para apoiar a navegação segura do pessoal do Serviço Secreto dos EUA”.

    De acordo com ele, a solicitação “atendeu aos critérios operacionais descritos no Manual de Controle de Água do Lago Caesar Creek”, e “as partes interessadas a jusante foram notificadas com antecedência sobre o ligeiro aumento da vazão, ocorrido em 1º de agosto de 2025.”

    O Serviço Secreto, por sua vez, informou ter coordenado estreitamente com o Departamento de Recursos Naturais de Ohio e o USACE para conduzir o planejamento e garantir que embarcações motorizadas e equipes de emergência pudessem operar com segurança durante uma visita recente. Os detalhes específicos do planejamento operacional não foram apresentados.

    Após a repercussão da reportagem, o órgão forneceu informações adicionais, enfatizando que o gabinete do vice-presidente “não estava envolvido na decisão” e que tinha sido “operacionalmente necessário” ajustar os níveis de água para acomodar embarcações motorizadas, autoridades policiais locais e equipes de emergência.

    Segundo o advogado de ética Richard Painter, que serviu no governo George W. Bush, apesar de não haver alegações de que o gabinete de Vance tenha feito algo ilegal, a ação é no mínimo hipócrita e “bastante ultrajante”, já que o governo realizou cortes drásticos no Serviço de Parques Nacionais (NPS).

    A National Parks Conservation Association (Associação Nacional de Parques em Conservação) estimou que o NPS perdeu cerca de um quarto da equipe desde janeiro, o que levou ao fechamento de seções de alguns parques e à alteração de horários devido a problemas de pessoal.

    A questão, para Painter, é que Vance estava potencialmente explorando recursos de infraestrutura pública para recreação pessoal em um momento em que o governo Trump cortou bilhões de dólares em ajuda externa, pesquisa científica e empregos governamentais como parte da iniciativa de “eficiência”.

    “Esses cortes estão impactando diretamente as férias das famílias de classe média”, explicou Painter. “Se estão fazendo isso para o Serviço Secreto ou para ele, acho que é questão de minúcias. O que ele deveria estar fazendo é escolher outro lugar”, completou.