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Vídeo: “Dá vontade de dar na cara”, diz CEO da Cresci e Perdi sobre franqueados

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Vídeo: “Dá vontade de dar na cara”, diz CEO da Cresci e Perdi sobre franqueados

Palavrões, xingamentos, exposição de nomes e do faturamento das lojas. Criada para facilitar a comunicação com os franqueados, o perfil de Elaine Alves, fundaddora e CEO da Cresci e Perdi, em uma rede social funcionava como espaço de humilhações e perseguição.

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Logo após desejar bom dia, ela começa um longo desabafo. “Eu quero fazer a CEO zen, que vem trabalhar e fala eu amo o meu trabalho. Mas não dá, velho”. Então, o tom sobe e ela afirma que “dá vontade de dar na cara” dos franqueados.

Veja:

“Foda-se. Não vou ficar aguentando piti de franqueado. Vou m*rda nenhuma. O mês já está ruim e vocês aí com essas lorotas”, diz em outra gravação. E continua: “Não fiquem de piti não, que estou em um dia péssimo. Vai c*gar. Vai a m*rda. Não gostou, repassa no concierge. Tchau obrigada, vai fazer outra coisa. P*ta que pariu”.

Assista:

Em outro vídeo, ela faz “campana” em frente a loja de uma franqueada que havia saído da rede. Na gravação, expõe nomes, xinga e diz que o episódio serve de “exemplo”. Ameaças de multas e punições também são constantes nos registros.

Gritos e xingamentos de um lado, prejuízos do outro

Franqueados ouvidos pelo Metrópoles contam que o espaço na rede social era o único em que era possível ter informações sobre campanhas e ações de marketing da rede que conta com  566 lojas instaladas em 471 cidades do país.

“Ou era lá, em meio aos xingamentos, ou em nenhum outro lugar. E ela retirava quem discordava e questionava ela. Mesmo sendo franqueado, ficavam sem as informações detalhadas”, conta um ex-franqueado.

Ele tentou, como Elaine sugeriu no vídeo, “repassar no concierge”. “Eu não tinha mais saída, estava cheio de dívidas e pedi o repasse. Indiquei uma pessoa que estava interessada em comprar, negaram”.

A multa prevista no contrato para o rompimento unilateral era de R$ 500 mil. “No final, aceitei entregar tudo. A loja com tudo que tinha dentro. Saí só com os meus prejuízos e tive que assinar um termo me comprometendo a não procurar a Justila”, conta.

Depois de entregar as chaves da loja, veio a surpresa: “Eles haviam vendido a unidade exatamente para a mesma pessoa que eu indiquei como interessada”.

“Ao vivo é pior”

“Ao vivo é pior”, contou outra ex-franqueada ouvida pela reportagem. Ela disse que tentou, diversas vezes, deixar a franquia após ser surpreendida por taxas e valores que não estavam previstos. “Meu contrato estava acabando e para renovar eu teria que pagar a taxa de franquia de novo, de R$ 160 mil”, conta.

“Eu pagava R$ 12 mil por mês só de royalties e, com o novo contrato, subiria para R$ 21 mil. Não tinha critério ou explicação, nada”, relata. Após questionar os termos, ela afirma que passou a ser alvo de críticas na rede social da CEO.

Além disso, passou a receber visitas constantes de representantes da franquia. “Diziam que era uma vistoria. Filmavam e reviravam tudo. Era uma forma de ameaçar, deixar todo mundo com medo. E funciona”, conta.

A ex-franqueada contou que só conseguiu deixar a rede após inferência da Justiça, em processo que continua tramitando. Com medo das ameaças, deixou a cidade em que morava.

“Eu fui muito humilhada. Ela dizia que eu não era nada, que eu perderia tudo que conquistei e voltaria a ser um nada, porque era isso que eu era”, lembra.

“Minha vida é chorar”

Outro ex-franqueado relatou que só conseguiu deixar a franquia após apresentar um laudo psiquiátrico apontando os impactos do trauma de ter perdido tudo que havia conquistado durante toda a vida. “Trabalho desde os oito anos de idade. Tinha um apartamento, um carro, um casamento. Perdi tudo em menos de um ano”, conta.

“Perdi R$ 400 mil, não tenho dinheiro para comprar comida, nem como pagar as dívidas. Um dia, posso até recuperar esse dinheiro. Mas eu perdi muito mais que isso. Não consigo dormir. Minha vida é chorar”, lamentou.

Ele conta que já nos primeiros meses viu que a realidade era bem diferente do que era vendido. “Falavam em R$ 50 mil de lucro por mês, eu nunca tive lucro nenhum”, lembra. “Eu ligava desesperado pedindo que me ajudassem pelo amor de Deus. A única orientação foi gravar mais vídeos para as redes sociais.”

“Repassaram a loja para outras pessoas. Contaram as mesmas mentiras que haviam contado para mim. Quantas famílias eles vão destruir?”, questionou.

Procurada, a Cresci e Perdi não se manifestou. O espaço permanece aberto para eventuais posicionamentos.

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