A zona leste de São Paulo concentra mais de um terço dos casos de racismo detectados nas escolas estaduais da capital. Entre janeiro de 2024 e julho de 2025, foram 1.107 ocorrências na cidade, das quais 35,86% se deram em unidades nessa região. Por outro lado, a zona sul reúne 27,55% dos incidentes, enquanto a norte consolida 19,87% e o centro 16,71%.
Os dados fazem parte de um levantamento exclusivo do Metrópoles com base em registros da Secretaria da Educação (Seduc), obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).
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Panorama estadual de racismo em escolas
No total, as escolas estaduais de São Paulo registraram 4.554 ocorrências de injúria racial no período analisado — uma média de oito casos por dia no estado. A maioria aconteceu no interior (55,93%), seguido pela capital (24,31%), região metropolitana (17,96%) e litoral (1,8%).
A realidade pode ser ainda mais grave, devido à subnotificação. Foram contabilizados apenas os casos que chegaram ao conhecimento da administração das unidades.
A Seduc não divulgou o nome das escolas envolvidas. Alega que o detalhamento consiste em “dados sensíveis e de natureza pessoal” e poderia gerar “impactos negativos à comunidade, como aumento de pedidos de transferência, estigmatização de instituições de ensino e desestímulo à matrícula”.
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Entre janeiro de 2024 e julho de 2025, a rede pública educacional do estado teve 4.554 ocorrências de injúria racial
Jessica Bernardo/Metrópoles2 de 3
De todas as diretorias regionais de ensino, a maioria ocorre no interior (55,93%) e na capital (24,31%)
Jéssica Bernardo/Metrópoles3 de 3
Foram contabilizados apenas os casos que se tornaram conhecidos pela administração das unidades
Jessica Bernardo/Metrópoles
O que diz a Secretaria da Educação
O Metrópoles questionou a Secretaria da Educação sobre medidas que têm sido adotadas pelo governo de São Paulo para coibir incidentes de racismo em escolas estaduais. Em nota, a gestão disse que “trabalha diariamente, dentro do currículo, questões relacionadas a racismo, preconceito, sexualidade, identidade e outros temas centrais da sociedade”.
A administração ressaltou que educadores da rede estadual participam de formações continuadas por meio das Atividades Pedagógicas de Caráter Formativo (ATPC), oferecidas pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores (EFAPE). De acordo com a pasta, essas atividades abordam pautas como violência de gênero, proteção de grupos vulneráveis, educação em direitos humanos (EDH) e diversidade.
“A Diretoria de Clima, Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP) reúne projetos e ações que estimulam a colaboração e o bom convívio, tornando cada escola um ambiente acolhedor e solidário, além de identificar pontos de vulnerabilidade em cada unidade escolar”, informou a Seduc.
A Seduc enfatizou ainda que promove iniciativas voltadas à diversidade e à inclusão por meio de projetos educativos, como o concurso musical Vozes pela Igualdade, realizado desde 2016 em parceria com o Ministério Público (MPSP). “A parceria com a Faculdade Zumbi dos Palmares permite que mais de 3 milhões de estudantes da rede participem do Festival Afrominuto, que premia produções escolares voltadas à valorização da cultura afro-brasileira e da diversidade étnico-racial”, completou o governo.