A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, no litoral sul de São Paulo, foi realizada por assassinos profissionais, segundo o promotor Lincoln Gakiya, referência no combate ao crime organizado.
Em entrevista ao programa Acorda, Metrópoles, nesta quarta-feira (17/9), Gakiya detalhou que os criminosos dispararam mais de 63 tiros contra o carro de Ruy — o equivalente a um disparo para cada ano de vida do delegado.
“Mesmo que estivesse em um carro blindado, a blindagem convencional não seria suficiente para proteger do ataque”, afirmou o promotor.
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Ruy Ferraz já era jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) desde 2006, quando ajudou a idealizar o projeto que concentrou as lideranças da facção na Penitenciária II de Presidente Venceslau, considerada a “sede” do grupo.
Gakiya lembrou ainda que, em 2010, descobriu e frustrou um plano do PCC para matar o delegado em frente ao 69° Distrito Policial, na Zona Leste de São Paulo. Na ocasião, policiais da Rota prenderam dois executores armados com fuzis, enviados pela facção.
“Ruy era o policial que mais entendia de PCC no país. Sua execução mostra que a máfia não esquece. A execução tarda, mas não falha”, disse o promotor.
Prisão de Marcola
Com mais de 40 anos de carreira, Ruy participou da prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, hoje apontado como líder máximo do PCC. A captura, nos anos 1990, foi possível graças a um recibo de conserto de óculos encontrado no lixo de um cativeiro utilizado pela quadrilha — detalhe investigativo que marcou a história policial.
O delegado também comandou a Polícia Civil de São Paulo entre 2019 e 2022, além de ter atuado em divisões estratégicas como o DHPP, o Denarc e o Deic.