Em resposta à Justiça, a EXM Partners, administradora judicial da massa falida da Itapemirim, afirmou desconhecer se a área que teria sido invadida e explorada comercialmente, conforme denúncia publicada no Metrópoles, pertence ou não ao espólio da viação. O galpão em disputa é avaliado em R$ 14,3 milhões.
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Na petição protocolada na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo (SP), a associação de ex-funcionários e credores da viação afirmam que “informações de terceiros” apontam que a empresa Invictus, que arrematou um imóvel ao lado do galpão, teria “tomando posse e, ainda, sem qualquer cerimônia, locou a mesma para outra empresa utilizar como depósito de areia.”
A EXM Partner admite, no documento apresentado à Justiça, que tomou conta da situação apenas após iniciativa processual. “Diante das referidas notícias, em regime de urgência, foi realizada reunião com a arrematante do imóvel contíguo, Invictus Capital Ltda., momento em que foram solicitados esclarecimentos imediatos sobre a alegada invasão e utilização do bem”, afirma a empresa no texto.
Logo depois, a administradora judicial afirma que os advogados da Invictus afirmaram que a empresa entende que a área foi arrematada e destacaram que “as medidas e demarcações na área e região em tela não são precisas, o que pode gerar controvérsias quanto aos limites exatos entre os imóveis, demandando verificação técnica especializada para dirimir eventuais dúvidas”.
Então, a EXM Partner disse que está “buscando apoio técnico complementar, com o objetivo de aferir a efetiva delimitação dos imóveis e confirmar se há, de fato, qualquer uso indevido de área pertencente à massa falida”. E complementa que, “caso seja verificada, após as devidas apurações, a ocorrência de uso indevido de ativos, a massa falida adotará todos os remédios judiciais para ser devidamente indenizada pelos prejuízos suportados”.
Areial do Valmir
Fotos anexadas ao processo mostram o vaivém de caminhões e tratores, montanhas de areia e a placa identificando o estabelecimento como “Areial do Valmir”. O documento também aponta a “ausência de medidas efetivas por parte da administradora judicial diante da ocupação indevida do bem” e pede que seja investigada a possível “omissão, conivência e/ou gestão temerária”.
Veja imagens:
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
A massa falida da Itapemirim é administrada pela EXM Partners. O Metrópoles revelou que o arrendamento de linhas rendia mais para advogados do que para o espólio. Planilha apresentada pela Suzantur, e anexada ao processo que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ), com os gastos da operação revela que a empresa gastou R$ 8,6 milhões com escritórios de advocacia.
A Suzantur assumiu as 125 linhas da Itapemirim no dia em que a viação faliu oficialmente. Em 21 de setembro de 2022, a mesma decisão judicial transformou a malsucedida recuperação judicial da Itapemirim em falência e aprovou o arrendamento das rotas pela Suzantur.
A proposta feita pela Suzantur passou a ser válida sem nenhum questionamento ou alteração: R$ 200 mil mensais ou 1,5% do resultado da venda de passagens, o que fosse maior. O arrendamento incluía as 125 linhas até então exploradas pela Itapemirim, além de pontos de venda e salas VIP e a cessão de uso das marcas e utilização de imóveis.
A EXM Partners sequer questionou a capacidade da Suzantur de operar as linhas. Naquele momento, a Suzantur– cujo o nome de registro é Transportadora Turística Suzano — operava apenas com transporte urbano de passageiros do ABC paulista, não tinha nem veículos adequados nem equipe com experiência para viagens interestaduais.
A EXM também não chamou outras empresas do ramo para a apresentação de propostas antes de fechar com a Suzantur. Mas, mesmo assim, as propostas chegaram — todas mais vantajosas.
Procurada pelo Metrópoles, a EXM Partners afirmou que a empresa irá se manifestar apenas nos autos.