Resumo da ópera: o ministro Alexandre de Moraes tinha para contar uma história com começo, meio e fim, rica de detalhes espantosos e conexos, todos amparados em fatos indesmentíveis.
A defesa dos golpistas de 2022 e de 8 de janeiro de 2023 carecia de uma história para contrapor a de Moraes. Restou-lhe negar os fatos possíveis e oferecer novos significados para os demais.
Morais citou três minutas do golpe encontradas. A defesa respondeu que às minutas faltava o cabeçalho. Ou que as medidas ali previstas estavam de acordo com a Constituição.
Naturalmente estavam em desacordo. A um candidato derrotado só lhe cabe preparar-se para abandonar o poder. Nas democracias é assim. Não cabe cogitar medidas de exceção. Perdeu, pula fora.
As testemunhas de acusação confirmaram a história escrita por Moraes em parceria com Paulo Gonet, Procurador-Geral da República; as de defesa limitaram-se a desconversar.
A tese de Moraes era simples: houve uma tentativa de golpe e de abolição violenta do Estado de Direito Democrático. A defesa fez cara de paisagem como se nada tivesse a ver com isso.
Uma vez anunciado o voto de Moraes favorável à condenação dos réus, o defensor de Bolsonaro, em seu nome e no do seu cliente, disse que discordava, mas respeitaria a decisão da Justiça.
Como se lhe fosse permitido desrespeitar uma ordem judicial. Bem que Bolsonaro tentou desrespeitar ao longo de quatro anos de (des) governo. Deu com a cara na parede e agora será preso.
Não adianta espernear na maca. De nada valerá dizer que teme na prisão morrer de morte morrida ou de morte matada. Bolsonaro cavou sua própria sepultura sem direito a mausoléu.
Aqui jaz o chefe de uma organização criminosa que se associou ao vírus da Covid-19 e deixou morrer mais de 700 mil brasileiros. Aqui jaz o órfão de uma ditadura que tentou implantar outra.
O diabo que o carregue.
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