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Advogado recebeu R$ 33 milhões para auxiliar fiscal da Máfia do ICMS

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Advogado recebeu R$ 33 milhões para auxiliar fiscal da Máfia do ICMS

O advogado Wilson Rogério Constantinov Martins recebeu R$ 33,6 milhões do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, da Secretaria Estadual da Fazenda, para auxiliar na venda de créditos fraudulentos de ICMS da empresa Fast Shop, segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Artur Neto é acusado de comandar um esquema de fraude em créditos de ICMS que teria favorecido empresas como a Fast Shop e Ultrafarma. Para isso, ele teria usado a empresa Smart Tax, registrada em nome de sua mãe. Na semana passada, eles e outras seis pessoas foram denunciados por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Segundo o MPSP, o fiscal teria recebido R$ 383,6 milhões em propina.

O auditor e mãe foram alvos de buscas na Operação Ícaro, deflagrada em 12 de agosto, que chegou a prender o dono da Ultrafarma, Sidney Oliveira, e o diretor estatutário da Fast Shop, Mario Otávio Gomes, que fechou acordo de colaboração com o MPSP.

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Segundo o MPSP, o esquema consistia em inflar e antecipar créditos de ICMS em troca do pagamento de propina. Desde 2021, a Smart Tax emitiu R$ 1 bilhão em nota para justificar os repasses. Esses créditos eram revendidos para outras empresas.

Em princípio, a venda de créditos de ICMS é uma atividade lícita. Agora, os promotores investigam se as empresas que compraram esses créditos sabiam que eles tinham origem fraudulenta.

Atuação de advogado

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (Gedec), braço do MPSP, mostra que o advogado Wilson Rogério Constantinov Martins atuava para prospectar clientes para comprar créditos de ICMS da Fast Shop. Segundo as duas denúncias apresentadas sobre o caso, a varejista pagou, entre abril de 2021 e dezembro de 2024, mais de R$ 447,2 milhões de propina a auditores fiscais para obter as vantagens tributárias.

“Wilson […] era responsável por captar empresas interessadas na compra de créditos de ICMS da Fast Shop. Ademais, o causídico intermediava o procedimento de alienação dos ativos entre a Fast Shop e as empresas adquirentes. Em troca, era remunerado por Artur com parte dos valores da propina”, diz a denúncia apresentada pelo Gedec.

Uma troca de e-mails analisada pela investigação mostra que Wilson Rogério chegou a intermediar transações comerciais para dar lastro de legalidade à operação. O advogado não foi denunciado porque o Ministério Público de São Paulo (MPSP) negocia um acordo de colaboração com o investigado.

Advogados de Bolsonaro

A negociação desse acordo é intermediada pelo advogado Celso Vilardi, que defende Jair Bolsonaro (PL) na ação penal que condenou o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Outro integrante da defesa de Bolsonaro, Paulo Amador da Cunha Bueno, também atua no caso da fraude de crédito de ICMS na Secretaria da Fazenda de São Paulo. Ele defende o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, tido como principal operador do esquema.

Artur Neto também negocia um acordo de delação premiada. O Metrópoles apurou, porém, que o fiscal, que está preso temporariamente, está relutante em devolver o dinheiro obtido na fraude, o que seria uma condição fundamental para o acordo ser fechado.

O MPSP pediu na sexta-feira (19/9) para converter a prisão do auditor de temporária para preventiva. Os advogados envolvidos foram procurados pela reportagem, mas não se manifestaram.

Quem já foi denunciado

 

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