A mãe de Murylo Alves, detido por imigração nos Estados Unidos no dia 8 de setembro, lamentou o que aconteceu com seu filho e disse temer estar vivendo na época do nazismo. Daniela revelou, em conversa ao Metrópoles, que “morreu por dentro ao ver o filho algemado como um bandido”.
“Meu filho foi abordado por quatro carros, que o cercaram. Algemaram o meu filho como se ele fosse um bandido de alta periculosidade”, lamentou. “Meu filho foi levado e eu fiquei sem notícias, sem saber onde ele estava. Os amigos dele começaram a ligar nas cadeias e nos órgãos públicos, procurando por ele, mas ninguém nos dava nenhuma informação.”
Daniela é nascida em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, e teve o Murylo, em São Bernardo do Campo, também no ABC Paulista. Mãe solteira, ela criou o filho sozinha. Buscando uma melhora de vida por estarem desempregados no Brasil, os dois decidiram se mudar para Massachusetts, nos Estados Unidos, há dois anos.
Desde o dia 8 de setembro, a vida de Daniela virou um pesadelo. Ela procurou uma advogada e, devido aos valores altos, abriu uma vaquinha para ajudar a custear a assistência jurídica.
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“Eu sinto como se nós estivéssemos vivendo na época do nazismo. Com medo, nos escondendo e sendo tratados dessa forma, sendo que nós somos trabalhadores. Nós estamos aqui com o propósito de ter uma condição de vida melhor e é dessa forma que estão fazendo com a gente aqui”, lamentou Daniela.
Cansada mental e fisicamente, a mãe revelou que só está de pé para lutar por justiça pelo filho. Segundo ela, até fome ambos já passaram, mas o que a matou por dentro foi ver Murylo algemado como um bandido, com as mãos para trás.
Jovem detido por imigração
Murylo estava a caminho do trabalho quando foi parado em um farol no centro de Milford. Ele teve seu passaporte, telefone e carteira de motorista confiscados pela ICE – o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos. Ao Metrópoles, Daniela revelou que só descobriu que o filho havia sido preso quando recebeu, de uma amiga, um vídeo do momento da apreensão (veja abaixo).
A mãe só teve notícia sobre o paradeiro de Murylo quatro dias depois da detenção. Segundo ela, o jovem ainda usava a mesma roupa do dia em que havia sido levado, sem tomar banho, e em uma cela cheia. “O que ele relata para mim é que, lá dentro, o tratamento é desumano. Ele está dormindo no chão, sem nada para ele deitar e revezando o espaço de dormir com outras pessoas”, falou.
Veja o momento da prisão:
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
De acordo com Daniela, a alegação dada pelas autoridades da imigração dos EUA para a prisão de Murylo é o fato de o visto de turista dele ter expirado. Porém, a mulher afirma que ele pagava todos os impostos e que não possui antecedentes criminais. Por isso, a mãe considera a abordagem e a própria detenção injustas. “Ele tentava um visto de trabalho quando foi detido.”
Quem é o Murylo
Formado em filosofia, Murylo é um bom filho, que nunca deu trabalho e muito estudioso, além de sempre ter sido um menino calmo e sociável, de acordo com Daniela. “É um menino muito amoroso, muito querido para todo mundo que se aproxima dele”, completou.
Reprodução
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
O jovem trabalha como bartender em um restaurante da cidade. Logo quando chegou no país, Murylo descobriu que seu pai – que ainda estava no Brasil – havia sido diagnosticado com câncer na próstata em estágio avançado. O jovem, então, passou a fazer dupla jornada para poder pagar o tratamento do pai.
“O meu filho trabalha. É um turno para poder se manter aqui, pagar nossas contas, nossa vida aqui normal e o outro turno é para sustentar o pai no Brasil”, complementou Daniela.