A média do tamanho das árvores na Amazônia aumentou em 3,2% a cada década. É o que afirma um projeto internacional que envolveu quase 100 pesquisadores da América do Sul e Reino Unido. Segundo eles, o crescimento está relacionado aos altos níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
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Cientistas de mais de 60 universidades monitoraram o tamanho das árvores amazônicas por cerca de 30 anos. O estudo pioneiro em medir como o CO2 alterou a estrutura das árvores foi publicado nessa quinta-feira (25/9) na revista científica Nature Plants.
Em comunicado, a professora Beatriz Marimon, da Universidade do Mato Grosso, coordenadora de grande parte da coleta de dados no sul da Amazônia, afirma que essa é uma boa notícia.
“Ouvimos regularmente como as mudanças climáticas e a fragmentação estão ameaçando as florestas amazônicas. Mas, enquanto isso, as árvores em florestas intactas cresceram. Mesmo as maiores árvores continuaram a prosperar, apesar dessas ameaças”, destaca a coautora do artigo.
De acordo com o estudo, tanto as árvores grandes quanto as menores se beneficiaram da alta do CO2 atmosférico e cresceram de tamanho. “Antes da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) no Brasil no final deste ano, esses resultados ressaltam o quão importantes as florestas tropicais são em nossos esforços contínuos para mitigar as mudanças climáticas causadas pelo homem”, ressalta a autora principal do artigo, Adriane Esquivel-Muelbert, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.
Importância das árvores para absorção de CO2
As árvores cumprem um papel essencial na absorção de CO2 atmosférico, absorvendo-o através da fotossíntese e convertendo-o em matéria orgânica e liberando oxigênio. A alta desse gás na atmosfera é causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e desmatamento, que intensifica o efeito estufa e aumenta o aquecimento global.
Estima-se que mudanças climáticas possam prejudicar as árvores e diminuir sua capacidade de absorção de carbono. No entanto, o estudo demonstra que, por enquanto, a resiliência das florestas faz com que o CO2 estimule o crescimento das árvores.
As árvores da Amazônia ajudam a manter o clima global
A equipe também identificou que árvores maiores conseguiam dominar a disputa por recursos. Pesquisas futuras serão realizadas para entender novas implicações.
“O que acontece com as grandes árvores — incluindo como elas lidam com as crescentes ameaças climáticas e conseguem dispersar suas sementes — agora é crucial. A única maneira de as gigantes se manterem saudáveis é se o ecossistema da Amazônia permanecer conectado. O desmatamento é um enorme multiplicador de ameaças e as matará se permitirmos”, finaliza o coautor, Oliver Phillips, da Universidade de Leeds, na Inglaterra.
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