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    Aluno autista de SP fará intercâmbio no Canadá após recusa de 2 países

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    O estudante de 16 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que foi aprovado em um programa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc) para estudar inglês em um intercâmbio fora do país, mas que teve a matrícula negada pela falta de infraestrutura das escolas estrangeiras, foi aceito por uma escola no Canadá. A matrícula do aluno foi aceita após ter sido barrada no Reino Unido e Austrália.

    A informação foi confirmada ao Metrópoles pela pasta da educação. Segundo a Seduc, o aluno deve viajar ao país estrangeiro já em janeiro de 2026.

    O jovem, que não teve a identidade revelada, conseguiu a oportunidade após ter as notas mais altas e bons índices de presença na instituição que frequenta, em Santo André, na região do ABC paulista. Ele passou por todas as seleções do programa Prontos Pro Mundo, da Seduc, e foi um dos escolhidos deste ano para estudar inglês no Reino Unido.

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    Ao Metrópoles, a Seduc informou que, durante o envio das documentações, no entanto, o garoto recebeu a notícia de que teve a matrícula barrada no país britânico. A decisão foi tomada após os estrangeiros receberem um laudo médico do aluno que exigia tratamentos especiais de saúde, para os quais eles alegam não garantir infraestrutura necessária.

    Conforme apuração da reportagem, o documento exige tratamentos voltados ao TEA do garoto, como a necessidade de acompanhamento fonoaudiológico, psicológico e de um terapeuta ocupacional. Apesar da negativa, outro intercambista no espectro autista já foi aceito por uma instituição de ensino no país, que embarcou no dia 1º deste mês.

    A reportagem questionou o Consulado Britânico em São Paulo, que decidiu não se pronunciar.

    Aluno ainda foi barrado na Austrália

    O Prontos pro Mundo tem parceria com quatro países participantes: o Reino Unido, a Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia — a Irlanda também integrará o grupo em 2026. Em busca de uma alternativa para a situação, a Seduc-SP tentou um encaixe do jovem em outra escola parceira do programa, na Austrália.

    O Departamento de Educação do Estado de South Australia, porém, afirma que analisou a solicitação com os documentos do aluno e decidiu também pela negativa da inscrição. Em nota, o departamento afirmou que, para a recusa, considerou, “em todos os momentos, o bem-estar do estudante e o dever do órgão de cuidar dele”.

    “Dadas as circunstâncias, o departamento indeferiu a solicitação, uma vez que uma família anfitriã de curta duração não teria condições de oferecer o nível adequado de suporte médico e de bem-estar necessário”, concluiu.

    Com mais dois países disponíveis, a Secretaria da Educação ressalta que o processo segue em andamento. A pasta aguarda resposta do Canadá, que analisa a viabilidade de atendimento às condições exigidas para garantir o suporte adequado ao estudante. Caso a resposta canadense seja negativa, a secretaria ainda pode buscar uma vaga na Nova Zelândia.

    Prontos pro Mundo

    O programa Prontos pro Mundo busca viabilizar programas de intercâmbio para que pelo menos um aluno de cada município possa viajar e estudar inglês fora do país. Pautado por princípios de inclusão e equidade, a iniciativa oferece a oportunidade de intercâmbio internacional a mil estudantes da rede pública estadual por ano.

    Ainda de acordo com a pasta, a seleção dos intercambistas segue critérios inclusivos para que os alunos de todas as regiões do estado tenham a oportunidade de participar da vivência escolar. A ideia é que o projeto não privilegie a concentração de alunos da capital e outros municípios maiores do estado.

    Com oportunidades para todos os alunos, inclusive para aqueles com TEA e outras condições especiais de saúde, a Seduc garante que as únicas impossibilidades do programa são para estudantes que não conseguirem a emissão do visto ou por terem a matrícula indeferida pelas instituições.