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    Artista Antonio Obá conduz visita guiada por sua exposição no CCBB

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    Na última terça-feira (23/9), o artista contemporâneo Antonio Obá juntou-se à curadora Fabiana Lopes para uma visita guiada por sua exposição recém-inaugurada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB Brasília). Batizada de Finca-Pé: Estórias da terra, a mostra reúne mais de 50 obras e marca um reencontro do autor com a cidade em que nasceu. A exibição fica em cartaz até 23 de novembro.

    Depois de expor para um público de mais de 43 mil pessoas no Rio de Janeiro e mais 45 mil em Belo Horizonte, Obá, considerado um dos artistas mais relevantes da cena contemporânea brasileira, vem à capital com suas pinturas, desenhos, instalação e filme-performance. Aqui, a mostra ganha uma dimensão particular: o encontro entre a poética do autor e o território que moldou sua experiência e sensibilidade.

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    Com trajetória consolidada no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos, Antonio Obá afirma que cada etapa de Finca-Pé: Estórias da terra recolhe histórias dos lugares por onde passa e contribui para os desdobramentos da própria mostra. Segundo ele, trata-se de um processo que está sempre em construção.

    “Essa exposição, de certa maneira, configura um recorte de pesquisa que eu já venho fazendo e tentando dar forma na produção que acabou girando em torno dessa ideia de terra, não só a terra matéria mesmo, mas a terra enquanto lugar onde a gente cresce, se desenvolve e morre; mas também de um ponto de vista global, o Planeta Terra; e a própria ideia de uma terra utópica, uma terra poética, desse lugar da produção do artista”, declara à coluna Claudia Meireles.

    Em suas palavras, a exposição tenta “dizer essas várias possibilidades de interpretar essa terra, que é, sobretudo, alegórica, simbólica, memorial e literária.”

    3 imagensComposição adâmica para uma feitura de cabeça e Puer Aetemus, regar a terraSono número 3, Relações Interditas, Sobre caber no que nasce e LêdaFechar modal.1 de 3

    A Esfinge, por Antonio Obá

    Pedro Iff/Metrópoles2 de 3

    Composição adâmica para uma feitura de cabeça e Puer Aetemus, regar a terra

    Pedro Iff/Metrópoles3 de 3

    Sono número 3, Relações Interditas, Sobre caber no que nasce e Lêda

    Pedro Iff/Metrópoles

    Curadora da mostra, Fabiana Lopes explica que a exposição convida o público a transitar por diferentes registros e temporalidades. A pesquisadora, que viveu uma conexão entre São Paulo e Nova York, destaca à coluna que acompanha o trabalho de Antonio Obá há muitos anos.

    A curadora Fabiana Lopes

    A relação com o Cerrado atravessa obras como Ka’a pora (2024), localizada na Galeria 1 do CCBB Brasília, instalação formada por 24 esculturas de pés em bronze adornados com galhos, que remete ao ciclo de resistência e renovação da paisagem depois da seca e do fogo.

    “É uma obra que se relaciona com a resistência, e também com a forma como o Cerrado se renova após períodos de estiagem e queimadas, voltando ao verde com a primeira chuva. Reflete a própria natureza e como a resistência pode ser incorporada à experiência humana, renovando-se constantemente”, descreve Obá.

    Obra : Ka’a pora, 24 peças em bronze

    A série Crianças de Coral – nigredo/coivara (2024-2025) é composta por 12 retratos em carvão sobre tela. O autor reduz o carvão a pó e manipula as camadas até fazer emergir imagens densas, que parecem vibrar entre presença e desaparecimento. Em outra sala, desenhos de forte gestualidade, cadernos de estudo e experimentações com grafite, giz de cera, extrato de nós e nanquim dourado revelam o processo contínuo do artista.

    5 imagensRetratos feitos em carvão por Antonio ObáObra Crianças de Coral: nigredo/coivaraSketchbooks de Antonio ObáSketchbooks de Antonio ObáFechar modal.1 de 5

    Obra Crianças de Coral: nigredo/coivara

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    Retratos feitos em carvão por Antonio Obá

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    Obra Crianças de Coral: nigredo/coivara

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    Sketchbooks de Antonio Obá

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    Sketchbooks de Antonio Obá

    Pedro Iff/Metrópoles

    O filme-performance Encantado, inédito no Brasil, marca o retorno do autor a essa linguagem. Inspirado na figura do peregrino (aquele que caminha para cumprir uma promessa), o trabalho propõe uma experiência visual e sensorial que convoca símbolos e rituais, principalmente ligados a práticas espirituais e religiosas, reafirmando a amplitude de seu campo de investigação.

    O diálogo com o Cerrado é estendido com obras do artista convidado Marcos Siqueira, natural da Serra do Cipó (MG). Seus trabalhos, criados a partir da terra como matéria-prima para pigmentos e personagens, difundem o campo poético da exposição e reforçam a ideia de que a matéria e o lirismo podem se entrelaçar na construção de novas imagens e sentidos.

    4 imagensObra do artista Marcos SiqueiraObra do artista Marcos SiqueiraObras do artista Marcos SiqueiraFechar modal.1 de 4

    Obra do artista Marcos Siqueira

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    Obra do artista Marcos Siqueira

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    Obra do artista Marcos Siqueira

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    Obras do artista Marcos Siqueira

    Pedro Iff/Metrópoles

    “Eu acredito que essa parceria nossa vem de o Obá estar no mesmo bioma que eu: o Cerrado. Eu estou em Minas Gerais e ele está aqui em Brasília, a gente tem isso em comum, de fincar o pé no lugar e ter essas raízes nesse lugar, o Cerrado. Essa ligação que a gente tem nessa exposição vem desse lugar, de intimidade com a terra, de aprofundar as raízes, para conhecimento, para sentir esse lugar de uma forma verdadeira e única”, conta Siqueira.

    O artista Marcos Siqueira

    O mineiro ainda compartilha que coleta todos os pigmentos usados em seu trabalho na Serra do Cipó. “Lá, eu encontro todos esses pigmentos. Eu penero e faço minha própria tinta. E, além de ter esses pigmentos como parte da minha pintura, há as memórias e o meditar de onde esses pigmentos estão, porque são lugares especiais que eu vou e observo, como o rio que está correndo, ou como as folhas estão no chão. Então não é só coletar o pigmento, mas é entender o que tem em volta daquilo, é tentar sentir o que está aqui, aquele momento, e, às vezes, também descobrir o que o lugar está me mostrando”, salienta.

    Assista, no vídeo abaixo, os destaques do encontro:

    Agora, confira as fotos de Pedro Iff:

    Antonio Obá, Fabiana Lopes e Marcos Siqueira
    Ana Lucia Caldas
    Allyne Costa, Terezinha da Paixão Costa, Maria das Graças Costa, Antonio Obá, Olívio de Paula, Livia de Paula, Isabella Medeiros e Renier Medeiros
    Antonio Obá e Claudia Meireles
    Cinara Barbosa, Antonio Obá e Carlos Lim
    Beto Osório observa as obras de Antonio Obá
    Antonio Obá e Júlia Guimarães
    Série Crianças de Coral – nigredo/coivara (2024-2025)
    Kenia Lacombe, Antonio Obá e Ivan Lacombe
    Visita guiada pela mostra Finca-Pé: Estórias da terra
    Antonio Obá fala sobre as obras com os convidados
    O artista Antonio Obá
    Convidados assistem ao filme-performance Encantado
    Convidados participam de visita guiada pela exposição no CCBB Brasília
    Filme-performance Encantado é inédito no Brasil
    Trabalho é inspirado na figura do peregrino
    Antonio Obá, Marcos Siqueira, Adelaide Oliveira e Fabiana Lopes
    Antonio Obá e Roberta Pinheiro
    Adriele Ayres Britto e Antonio Obá
    Antonio Obá e Júlia Guimarães
    O artista, Antonio Obá
    Júlia Guimarães, Antonio Obá, Marcos Siqueira e Fabiana Lopes
    Carlos Lim e Claudia Meireles
    Adelaide Oiveira
    Fabiana Lopes
    Antonio Obá e Marcos Siqueira
    Marcos Siqueira
    Leia Magnólia

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