O mundo artístico de Brasília perdeu nesta quarta-feira (24/9) o ator, diretor e ex-secretário de Cultura Guilherme Reis, aos 70 anos, devido a complicações de saúde. Diversos colegas e artistas da cidade prestaram homenagens ao legado do artista, ressaltando seu papel central na formação do teatro brasiliense.
Em entrevista ao Metrópoles, Murilo Grossi, ator e parceiro de longa data de Reis, fez uma homenagem emocionada e destacou a influência do ator em sua própria trajetória artística:
“Eu comecei a fazer teatro e o Guila, percebendo o meu interesse, fez uma oficina de teatro, me puxou para essa oficina, me colocou no grupo que ele constituiu junto com o Néio Gúcio, que era o grupo Cabeças de Teatro, e aí eu comecei a minha vida como ator. E aí eu me formei como pessoa, então eu poderia dizer que o Guila foi quem me construiu como pessoa”.
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O artista também recordou o impacto de Reis na vida de muitos jovens e na cultura local: “Existem raras pessoas que constroem a realidade para que tudo que esteja ao seu redor viva esta realidade construída. Ele construiu uma Brasília através do teatro, através do Festival Cena Contemporânea, das inúmeras peças que ele participou. Ele construiu a minha vida, ele me fez ser o que eu sou. E eu com certeza digo que isso aconteceu com a vida de muitas pessoas de Brasília e do Brasil”.
Guilherme Reis
Guilherme Reis
Renato Araújo/Agência Brasília.
Guilherme Reis
Reprodução
Guilherme Reis
Humberto Araujo
Guilherme Reis
Daniel Ferreira/Metrópoles
A escritora Solange Cianni também fez questão de homenagear o amigo de longa data. “Minha amizade com Guilherme começou aos 15 anos de idade, quando eu me mudei do Rio de Janeiro para Brasília. Ali seguimos em frente, fizemos alguns espetáculos juntos, nossos filhos nasceram, brincaram juntos, cresceram, são amigos até hoje, e a nossa amizade seguiu em frente por muitos e muitos anos”, contou.
Ela reforçou ainda a importância cultural de Reis para a capital: “Além de estar perdendo um amigo, Brasília também está perdendo um grande agente cultural que fez a diferença no teatro da cidade. Então fica essa saudade, fica esse carinho, essa despedida amorosa. E vamos lá, um dia a gente se encontra quem sabe, mas o céu hoje com certeza está em festa e tem mais uma estrela brilhando para a gente”.
Claudio Abrantes, atual secretário de Cultura do DF, também se manifestou: “O Guilherme foi mais do que um antecessor pra mim, foi uma inspiração, deixou um legado não só de trabalho, mas de altruísmo, de simplicidade e de amor pela cultura do DF. Recentemente, tive a oportunidade de estar com ele, em uma conversa muito agradável sobre o futuro e de lhe entregar em mãos a maior honraria Cultural do DF”.
Além de sua carreira como ator e diretor, Guilherme Reis deixou um legado como gestor cultural, tendo criado a Lei Orgânica da Cultura do Distrito Federal e promovido reformas em importantes espaços artísticos da cidade, como o Espaço Cultural Renato Russo e o Centro de Dança de Brasília.