Os escorpiões são aracnídeos venenosos que vêm se tornando uma preocupação crescente, não apenas em áreas naturais, como também em centros urbanos. No habitat natural, o equilíbrio das populações desses artrópodes é mantido por alguns predadores eficientes.
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De acordo com o biólogo Fabiano Soares, especialista em controle de pragas urbanas, três espécies se destacam como os maiores inimigos naturais dos escorpiões: o gambá, a coruja-suindara e o lagarto teiú.
Gambá (Didelphis spp.)
O gambá (Didelphis spp.) é um dos aliados mais importantes na luta contra os escorpiões. Com uma tolerância considerável ao veneno, esse mamífero caça escorpiões durante a noite, explorando o solo, entulhos e até quintais.
Além disso, o gambá consome baratas e pequenos roedores, parte da cadeia alimentar dos aracnídeos, contribuindo indiretamente para o controle desses bichos. “O gambá é um controlador natural de pragas muito eficiente, mas sua presença nas cidades é limitada”, destaca Fabiano.
Gambá (Didelphis spp.)
Coruja-suindara (Tyto furcata)
Outra importante predadora é a coruja-suindara (Tyto furcata), também conhecida como “coruja-das-torres”. Essa ave noturna tem um voo silencioso que a torna uma caçadora habilidosa de pequenos animais no chão, incluindo escorpiões e grandes insetos.
Embora seu foco principal sejam roedores, a suindara ajuda a equilibrar a população de escorpiões e seus competidores em áreas rurais e periurbanas. “Sua habilidade de caça silenciosa é uma vantagem para surpreender presas que não percebem sua aproximação”, explica o biólogo.
Coruja-suindara (Tyto furcata)
Teiú (Salvator merianae)
Por fim, o teiú (Salvator merianae), um lagarto onívoro e oportunista, também exerce papel fundamental na natureza como predador de escorpiões.
Segundo o biólogo, ele vasculha troncos, entulhos e frestas em busca de ovos, insetos e pequenos vertebrados, enfrentando os aracnídeos com sua força mandibular e resistência. “Nos ecossistemas de campo e bordas de mata, o teiú é um predador importante que ajuda a controlar invertebrados nocivos, incluindo os escorpiões”, complementa Fabiano.
Teiú (Salvator merianae)
Apesar da eficiência desses predadores no ambiente natural, o biólogo alerta que nas cidades eles não conseguem atuar da mesma forma.
“Essas espécies não dão conta de controlar essa população de escorpiões, principalmente por causa das características reprodutivas e dos locais onde os escorpiões vivem – como esgotos e frestas”, diz. “Dificilmente a gente vai encontrar gambás ou teiús percorrendo tubulações urbanas, o que favorece a proliferação desses aracnídeos.”
Fabiano ressalta que o entendimento do papel desses predadores é essencial para a elaboração de estratégias mais eficazes no controle dos escorpiões, especialmente no contexto das áreas urbanas onde o equilíbrio natural foi perdido. Enquanto isso, a população deve manter cuidados básicos para evitar acidentes, principalmente durante o período reprodutivo dos escorpiões, quando sua presença e atividade aumentam.