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    Bolsonaro não tem pressa. E não tem por que não precisa

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    Calma, gente da direita. Vocês querem o quê? Não faz uma semana que Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de tentativas de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e que tais.

    Ficha de condenado demora a cair. O condenado se agarra à esperança de que aconteça um milagre capaz de salvá-lo do cumprimento da pena. É natural. É compreensível. É humano. Não pressionem Bolsonaro se o admiram e gostam dele.

    Melhor: não o pressionem porque vocês dependem dele para disputar com chances as eleições do próximo ano. Cada coisa a seu tempo. Para Bolsonaro, o tempo é para digerir o que lhe aconteceu. Perdeu as condições de imexível e imorrível. Não é pouco.

    O que Bolsonaro teria a ganhar se revelasse desde já qual será seu candidato para enfrentar Lula? Aumentaria sua solidão. Não nasce grama no jardim do político derrotado que se conforma em bater em retirada. Ninguém o procura mais. Sem poder, o apito cala.

    Se o café que Bolsonaro bebe hoje é frio, mais tarde não haverá café. Água mineral gasosa, pode ser. Mas gás não faz bem a quem já teve os intestinos remexidos tantas vezes e nunca se cuidou como deveria. Desse ponto de vista, a prisão talvez lhe faça bem.

    Não haverá anistia para Bolsonaro e os tubarões do golpe. Mas ele tem o direito de sonhar com a anistia ou com o indulto prometido por todos os que aspiram seu lugar como líder inconteste da direita fragmentada.  Devagar com o andor para não irritar o santo.

    Bolsonaro poderá surpreender os interessados nos seus votos com a decisão de só abençoar o herdeiro lá por fevereiro. Nada perderá com isso, os outros é que poderão perder. Precisa ver antes se Tarcísio de Freitas se afirmará como o nome mais promissor.

    Lula está convencido de que Tarcísio será seu adversário. Não acredita em Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior, Romeu Zema, Eduardo Leite, Ciro Gomes, ou no surgimento de um outsider. Tarcísio está na mira de Lula e dela não sairá.

    Quanto mais apanha dos partidários de Tarcísio, mais Lula fica mordido pelo desejo de enfrentá-lo. O contrário não é verdade.  Tarcísio só será candidato a presidente se Lula entrar em 2026 cambaleando e com a economia muito mal das pernas.

    Não se troca o governo de São Paulo por uma miragem. Dos que trocaram dos anos 30 do século passado para cá, só Jânio Quadros se elegeu presidente. Mesmo assim renunciou seis meses depois.

     

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