Ao se manifestar pela anulação do processo contra Jair Bolsonaro, o ministro Luiz Fux repetiu argumentos semelhantes aos de Donald Trump e comparou o julgamento do ex-presidente à “perseguição às bruxas, judeus e hereges” ocorrida no passado. O ministro divergiu do voto do relator da ação sobre o suposto golpe de Estado, Alexandre de Moraes, alegando que o Supremo Tribunal Federal (STF) não teria competência para julgar Bolsonaro e outros sete acusados.
Durante a leitura de seu voto, Fux comparou o STF aos “nobres que, em terríveis ordenamentos passados, perseguiam as bruxas, os hereges, os judeus, os subversivos e os inimigos do povo”. A mesma comparação já havia sido feita pelo presidente dos Estados Unidos, que ameaça impor novas sanções ao Brasil devido ao que chama de “julgamento político” de Bolsonaro.
Jair Bolsonaro será julgado pelo STF por tentativa de golpe militar
Hugo Barreto/Metrópoles
Alexandre de Moraes pediu condenação de Jair Bolsonaro e outros sete réus por golpe de Estado
HUGO BARRETO/METRÓPOLES
@hugobarretophoto
Luiz Fux comparou julgamento de Bolsonaro pelo STF com “perseguição a judeus”
Reprodução / YouTube
Luiz Fux defendeu anulação de julgamento de Jair Bolsonaro pelo STF
Reprodução / YouTube
“Não estamos julgando pessoas com prerrogativa de foro. Estamos julgando pessoas que não têm prerrogativa de foro. O fundamento apontado nas preliminares é a ausência de prerrogativa de foro”, afirmou o ministro.
Organização criminosa armada
Fux também contrariou a acusação de crime de organização criminosa armada, feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e criticou o volume de provas e a dimensão do processo, que, segundo ele, teriam prejudicado a defesa dos réus.
Leia também
-
Voto de Fux é analisado pelos EUA e serve de combustível para Trump
-
Fux diz que incompetência do STF pode anular processo de Bolsonaro
-
Eduardo Bolsonaro se manifesta sobre bandeira dos EUA na Paulista
-
Bolsonaro coordenou e determinou atos para tentativa de golpe, diz PGR
“A imputação do crime de organização criminosa exige mais do que a reunião de vários agentes para a prática de delitos. A simples existência de um plano delitivo não tipifica o crime de organização criminosa”, disse Fux.
Os próximos ministros da 1ª Turma do STF a votar no julgamento da tentativa de golpe de Estado são Cármen Lúcia e o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin. Os posicionamentos serão apresentados nos dias 11 e 12, das 9h às 19h.