Grande parte do Brasil tem convivido com dias quentes, temperaturas que ultrapassam os 30ºC e pouca umidade. Além de provocar desidratação, o calor pode interferir em outro processo essencial para o organismo: a digestão. Por isso, é comum sentir estômago mais “pesado”, menos fome ou náuseas e cólicas após as refeições durante essa época do ano.
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Fora do corpo, a sensação térmica elevada pode alterar a digestibilidade dos alimentos, fazendo com que frutas amadureçam mais rapidamente e liberem substâncias que atrapalham o processo digestivo. O risco de infecções alimentares também aumenta.
Dentro do organismo, em dias muito quentes, o corpo luta para manter a temperatura corporal média de cerca de 36,5 ºC. Para isso, ele promove a vasodilatação cutânea, processo que deixa a pele mais avermelhada e o sangue circulando mais próximo da superfície para facilitar a troca de calor com o ambiente.
“Tudo isso reduz o fluxo sanguíneo no trato gastrointestinal, diminuindo a perfusão intestinal. O resultado é a morte de células intestinais (apoptose), lesões nos enterócitos e maior permeabilidade da mucosa, fatores que comprometem a digestão”, explica o médico gastroenterologista Bernardo Martins, do Hospital Santa Lúcia Norte, em Brasília.
Martins afirma que o calor também ajuda a degradar as enzimas digestivas e atrapalha os transportadores intestinais responsáveis pela absorção de glicose e lipídios, tornando a digestão mais lenta e menos eficiente.
Sintomas digestivos comuns em dias quentes
- Azia, estufamento, cólicas.
- Náuseas e vômitos.
- Mal-estar geral e sensação de cansaço.
- Diarreia.
- Desconforto abdominal geral.
Grupos mais vulneráveis
Alguns grupos de pessoas ficam mais vulneráveis a sintomas digestivos durante o calor. Por possuírem menor capacidade de concentração de água no corpo associada à idade, idosos têm mais dificuldade em manter a termorregulação. Sem um sistema de controle térmico totalmente formado, crianças e bebês também podem sofrer com problemas de digestão.
Alterações hormonais prejudicam a ação digestiva de gestantes, que sentem o efeito ainda mais no calor. Pessoas que utilizam diuréticos, anti-hipertensivos e anti-inflamatórios também podem ter os incômodos potencializados na época mais quente do ano.
“Atletas também estão em risco porque o metabolismo acelerado e a hipertermia durante os treinos aumentam as lesões no trato gastrointestinal. Já trabalhadores expostos ao sol por longos períodos enfrentam perdas hídricas maiores e, consequentemente, mais alterações digestivas”, revela Martins.
Boas medidas para melhorar a digestão no calor
Para evitar uma sobrecarga no sistema digestivo, o recomendável é não ingerir alimentos muito gordurosos, como frituras, embutidos, carnes gordas ou processados. Rotinas alimentares ricas em proteínas e em sódio também são prejudiciais.
Além de manter a hidratação em dia, a nutricionista Yasmim Rocha Melo ressalta que não há segredo para evitar problemas digestivos no calor: a dica é optar por comidas de fácil digestão.
“Você encontra essas características em alimentos como frango, peixe e ovos. Outra ótima opção para ajudar na hidratação são as frutas, como melancia, melão e abacaxi”, ensina a profissional do Hospital Brasília.
Alimentos gordurosos podem prejudicar ainda mais a digestão no calor
Outra iniciativa importante é evitar roupas muito quentes para não elevar a temperatura corporal ainda mais. Após as refeições, esperar um intervalo de duas a três horas antes de se expor ao sol pode ajudar.
“Permanecer em ambientes arejados ou refrigerados ajuda muito, e pequenas estratégias como ingerir líquidos gelados ou até chupar gelo antes das refeições auxiliam a reduzir a temperatura corporal, favorecendo o processo digestivo”, finaliza o gastroenterologista.
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