MAIS

    Caso Ruy Ferraz: suspeito diz que buscava filha na hora do assassinato

    Por

    Preso sob a suspeita de participar da morte do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, Rafael Marcell Dias Simões, o Jaguar, de 42 anos, alegou que trabalhava e depois foi buscar a filha na escola no momento do assassinato. Ele afirmou, segundo o advogado, que não tem qualquer participação no crime ocorrido na última segunda-feira (15/9), em Praia Grande, no litoral de São Paulo.

    O advogado Adonirã Correia, que representa o suspeito, diz que Jaguar já pagou pelos crimes cometidos no passado e que se ressocializou, trabalhando atualmente com carteira assinada, para a Prefeitura de Santos, cidade onde mora. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, ele tem duas condenações por sequestro.

    “Um ponto muito crucial é que ele, no momento do crime lá em Praia Grande, estava trabalhando. O trabalho dele requer o cartão de ponto, o que pode ser demonstrado pela máquina. E também ele busca a filha no colégio no período da noite”, afirma Correia. “É inviável ele estar em dois lugares ao mesmo tempo”, diz.

    A Secretaria da Segurança Pública ainda não divulgou detalhes sobre qual seria a participação de Jaguar no assassinato do ex-delegado.

    O mandado de prisão temporária foi expedido nessa sexta-feira (19/9) e Jaguar procurou o advogado Adonirã Correia ainda durante a noite. “A gente chegou ao consenso de que era melhor ele se integrar, até para garantir a integridade física dele e da própria família”, afirmou o defensor.

    O suspeito procurou na madrugada deste sábado (20/9) a delegacia em São Vicente, cidade vizinha à Praia Grande, onde foi preso.

    Segundo Correia, seu cliente passou pela audiência de custódia e o juiz decidiu por manter a sua prisão. “Já pedimos acesso aos autos, porque corre em segredo de Justiça. Tenho a certeza de que, na segunda ou na terça, teremos acesso para termos mais precisão do que o cliente está sendo acusado”, diz.

    Uma semana após o crime, dos sete envolvidos identificados, três foram presos: Rafael Marcell Dias Simões, que se entregou neste sábado (20/9); Dahesly Oliveira Pires, acusada de ser a mulher que foi buscar o fuzil no litoral paulista; e Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão, que teria dado carona para um dos criminosos fugir da cena do crime.

    Outros quatro estão foragidos e são procurados. São eles: o dono do “QG do crime”; Felipe Avelino da Silva, conhecido como Mascherano, e Flávio Henrique Ferreira de Souza, que tiveram material genético encontrado em um dos carros usados no crime; e Luis Antônio Rodrigues de Miranda, que é procurado por ter pedido para uma mulher ir buscar um dos fuzis utilizados na execução.

    Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que “diligências estão em curso para elucidar todas as circunstâncias e responsabilizar os envolvidos”.

    “QG do crime”

    Uma casa em Praia Grande foi apontada pela Polícia como o imóvel que teria sido utilizado como QG pelo grupo que executou o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes.

    O imóvel fica na rua Campos do Jordão, no bairro Jardim Imperador, a oito quilômetros da prefeitura da cidade, de onde Ruy saiu antes de ser assassinado.

    A polícia chegou ao local após denúncia de vizinhos que identificaram uma movimentação estranha na véspera do crime. Do local, teria saído Dahesly Oliveira, identificada como a responsável por transportar um fuzil utilizado na execução.

    A diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Ivalda Aleixo, informou que a casa passou por perícia na quarta-feira (17/9) para a coleta de impressões digitais que devem ser usadas na identificação de outros envolvidos.

    O local seria uma casa de aluguel de fim de semana, e a polícia ainda não divulgou informações sobre o período em que os criminosos passaram lá.

    Quem era o ex-delegado Ruy Ferraz

    • O ex-delegado Ruy Ferraz Fontes ocupava o cargo de secretário de Administração de Praia Grande após se aposentar da Polícia Civil.
    • Ele atuou por 40 anos na corporação e era especialista na facção paulista.
    • Ferraz tinha especialização em administração geral e financeira em órgãos públicos e participou de cursos complementares, como o de Antidrogas e Antiterrorismo realizado pelo Ministério do Interior e da Segurança Pública da Polícia Nacional da França e o de Aperfeiçoamento sobre Repressão às Drogas, em Vancouver, pela Polícia Montada do Canadá, conforme informou a Prefeitura de Praia Grande.
    • Ele iniciou a carreira como delegado de Polícia Titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) 7.
    • Durante a vida profissional, foi delegado de polícia assistente da equipe da Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), delegado de polícia titular da 1ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), delegado de polícia titular da 5ª Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões na capital.
    • Ferraz também esteve à frente da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo e foi diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
    • Atuou ainda como professor assistente de criminologia e direito processual penal da Universidade Anhanguera e também como professor de investigação policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo.