O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, classificou as restrições de vistos impostas pelos Estados Unidos antes da 80ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) como “absurdas” e “injustas”. O posicionamento do chanceler brasileiro ocorreu nesta sexta-feira (19/9).
Entre os afetados pelas medidas norte-americanas está o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Apesar de ter recebido o visto dos EUA para participar do evento, Padilha pode ter a circulação limitada a cinco quarteirões entre o hotel que se hospedar e a sede da ONU, em Nova York.
“São restrições que não têm cabimento, injustas, absurdas”, disse Vieira durante encontro com a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas.
De acordo com o ministro, o governo do Brasil acionou o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a presidente da Assembleia Geral da ONU, Annalena Baerbock.
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“Nós estamos relatando, e pedindo a interferência do secretário-geral [da ONU] junto ao país-sede [EUA], que é o procedimento”, disse Mauro Vieira. “Tratamos do tema nos canais disponíveis, e estamos esperando agora a ação do secretário-geral da ONU e a presidente da Assembleia-Geral”.
Em agosto, Padilha foi atingido indiretamente por retaliações do governo norte-americano contra brasileiros ligados ao programa Mais Médicos. Na impossibilidade de restringir o visto do ministro, por estar vencido, a administração de Donald Trump suspendeu a permissão de entrada nos EUA para a esposa e filha do chefe do Ministério da Saúde do Brasil.
Além da restrição de circulação em Nova York, sede da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o governo norte-americano também tem dificultado a emissão de vistos para outras autoridades brasileiras — o que contraria o compromisso do país-sede do evento em garantir a participação de representantes de todos dos países que compõem a ONU.
Neste mesmo sentido, o governo de Trump revogou os vistos para todos palestinos, afetando diretamente a participação da delegação da Palestina na Assembleia-Geral.